5 DE OUTUBRO DE 2013
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dependendo da sua idade e do seu rendimento bruto, assim poderá ou não ser abrangido pela convergência
de 10% no cálculo de uma parte da sua pensão, sabendo-se que, no caso dos pensionistas do setor público,
essa parte pesa 90% do salário de referência e, no caso da segurança social, apenas 80%. É esta a
convergência a que se vai proceder.
Mas concluo, Sr.ª Deputada, dizendo-lhe que o Bloco de Esquerda tem tido uma posição muito coerente, e
não há dúvida quanto a isto. Defende a insustentabilidade da dívida e, portanto, a reestruturação da dívida.
A Sr.ª Mariana Mortágua (BE): — Não é só o Bloco de Esquerda que o defende!
O Sr. Primeiro-Ministro: — Sr.ª Deputada, no dia em que se chegasse a essa situação, o País teria um
sofrimento de convergência muito mais grave do que aquele que estamos a causar. Portanto, na hierarquia
ética das medidas que devem ser tomadas, pode ter a certeza, Sr.ª Deputada, de que estou de consciência
tranquila, porque as medidas que tenho tomado defendem bem mais os portugueses do que aquelas que
teriam de ser adotadas por qualquer Governo, se a Sr.ª Deputada tivesse razão.
Aplausos do PSD e do CDS-PP.
A Sr.ª Presidente: — Tem a palavra, Sr.ª Deputada Catarina Martins, uma vez que ainda dispõe de tempo.
A Sr.ª Catarina Martins (BE): — Sr.ª Presidente, Sr. Primeiro-Ministro, este debate foi bom, porque
elucidou as pessoas, e é importante que saibam o que este Governo pretende fazer.
Ficaram a saber os pensionistas da Caixa Geral de Aposentações que, além de terem a sobretaxa de IRS,
além de terem a contribuição extraordinária de solidariedade, terão um corte acrescido, pelo cálculo retroativo
da pensão em 2014, porque é essa a intenção do Governo. E, portanto, ao contrário do que foi dito ontem, há,
sim, TSU dos pensionistas.
O Sr. Primeiro-Ministro: — E fala a Sr.ª Deputada de ilusionismo!…
A Sr.ª Catarina Martins (BE): — Também lhe digo, Sr. Primeiro-Ministro, que dívida insustentável é a que
este Governo gera com os sacrifícios. Para o ano, o serviço da dívida será de 21 000 milhões de euros, o que
equivale à escola pública mais o Serviço Nacional de Saúde e mais metade da segurança social.
O Sr. Primeiro-Ministro: — Não!
A Sr.ª Catarina Martins (BE): — O que o Sr. Primeiro-Ministro está a fazer é a impor todos os sacrifícios ao
País, para que a dívida seja, na mesma, renegociada, porque não pode fazer outra coisa, mas mais tarde e
com o País numa situação mais débil e, portanto, piorando ainda mais a situação de vida em Portugal.
O Sr. Primeiro-Ministro: — Não é verdade!
A Sr.ª Catarina Martins (BE): — Sabemos, hoje, que o Governo não paga, o Governo não cumpre os
compromissos com os cidadãos e também não é capaz de cumprir os compromissos internacionais que diz
querer cumprir.
Mas há uma pergunta que lhe quero fazer sobre compromissos e sobre a forma como Portugal se
comporta internacionalmente. Bem sei que o Sr. Primeiro-Ministro pôs, à porta do País, uma tabuleta a dizer
«Vende-se» e considera normal vender a desbarato tudo aquilo que foi construído pelo investimento público e
pelo esforço de quem vive e trabalha neste País.
A Sr.ª Presidente: — Queira terminar, Sr.ª Deputada.
A Sr.ª Catarina Martins (BE): — É assim com as empresas públicas, é assim com o escândalo da PT!