24 DE OUTUBRO DE 2013
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A agenda digital estará amanhã em discussão, a par do aprofundamento da união económica e monetária
e da avaliação das medidas de desempenho na área do combate ao desemprego jovem e na área do apoio às
pequenas e médias empresas, com recurso a fundos estruturais e a linhas dedicadas do Banco Europeu de
Investimentos — tudo isso vai ser avaliado e analisado neste Conselho Europeu —, e a verdade é que o
aprofundamento do mercado interno é essencial para a recuperação europeia. Não chega, mas é essencial.
Tenho dito várias vezes que a abertura ao exterior, através dos contratos de associação dos novos e mais
atualizados acordos comerciais que estão a ser preparados, quer com os Estados Unidos da América, quer
com o Mercosul, quer com a América Latina, quer com a China, são relevantíssimos para a recuperação da
economia europeia e para a competitividade europeia.
Mas quero, de forma muito dedicada, responder a algumas questões muito concretas que me colocaram.
Em primeiro lugar, sobre a Garantia Jovem, que tem na Iniciativa para o Emprego dos Jovens o meio
orçamental que suporta o desenvolvimento destas políticas no quadro financeiro plurianual que foi acordado.
Em Portugal, também estamos a fazer tudo para poder garantir a execução desta medida, que prevê que, num
prazo máximo de quatro meses, um jovem, até aos 25 anos de idade, que esteja desempregado, possa ou
obter uma oferta de emprego ou ter uma expectativa de vir a ter emprego mediante a realização de um estágio
profissional, ou ter a capacidade para ser acolhido no sistema formal de ensino (ensino básico e secundário ou
ensino superior) ou ser alvo de uma oferta formativa que o habilite a ingressar no mercado de trabalho.
O reforço para medidas desta natureza, em Portugal, é de cerca de 150 milhões de euros, o que significa
que teremos 300 milhões de euros para, no próximo quadro financeiro plurianual, responder a estas
necessidades.
A execução destas medidas tem vindo a ter uma evolução positiva, como, de resto, demonstram os dados
já aqui publicitados.
Um segundo aspeto é o seguinte: ao nível da reforma institucional, teremos de preparar para futuro
aprofundamentos ainda maiores da união política e da união económica e orçamental. Já tive ocasião de
discordar do Sr. Deputado António José Seguro quando defende a monetização dos défices. Não creio que
exista vantagem em que o Banco Central Europeu possa monetizar os défices. Isso está-lhe vedado pelo
Tratado e julgo que assim deve continuar.
Isso não tem impedido o Banco Central Europeu de atuar com mais ativismo, no sentido de garantir que as
suas políticas de acesso a liquidez para o sistema financeiro não sejam, no fundo, minadas pela fragmentação
dos mercados a que ainda se assiste na periferia. Mas isso depende de várias reformas importantes,
nomeadamente da construção da união bancária, que estamos a realizar.
Por fim, passo a referir-me a aspetos que foram referidos de forma muito pontual por alguns Srs.
Deputados.
Em primeiro lugar, refiro a questão da Comissão Europeia e do Tribunal Constitucional. A Comissão
Europeia dirá aquilo que deve dizer sobre essa matéria. Foi questionada sobre isso e respondeu. Não me
compete responder pela Comissão Europeia.
Mas quero dizer, como já disse — disse-o hoje na concertação social e já o disse quando estava no
México, antes de iniciar a visita, que o relacionamento que temos tido com a Comissão Europeia, seja em
termos bilaterais, seja em termos do comportamento no seio da troica, foi sempre uma relação respeitadora da
soberania portuguesa e dos órgãos constitucionais portugueses. Não devo, portanto, apontar à Comissão
Europeia intenções quanto a não respeitar a soberania portuguesa.
A Sr.ª Presidente: — Tem de terminar, Sr. Primeiro-Ministro.
O Sr. Primeiro-Ministro: — Mas quero também dizer aos Srs. Deputados, nomeadamente ao Sr.
Deputado João Semedo, que o debate interno em Portugal sobre esta matéria, que também foi reportado pela
representação permanente da Comissão Europeia, é um debate aberto que tem vindo a ter lugar. Da minha
parte, Sr. Deputado, aproveito apenas esta oportunidade para reafirmar a minha convicção de que o Tribunal
Constitucional não é sujeito a pressões influenciáveis. Portanto, acredito na independência do Tribunal
Constitucional. Da mesma maneira que já discordei de decisões do Tribunal Constitucional — e não há
ninguém que, evidentemente, esteja livre da crítica —, a verdade é que nunca pus em questão a sua
independência para decidir, como, de resto, o demonstrou o Presidente do Tribunal Constitucional.