22 DE NOVEMBRO DE 2013
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O Sr. Pedro Jesus Marques (PS): — Sr.ª Presidente, Srs. Membros do Governo, Sr.as
e Srs. Deputados,
iniciamos a discussão na especialidade deste Orçamento do Estado, que é, no fundo, o terceiro Orçamento
que materializa a estratégia de ajustamento que este Governo preconizou para Portugal.
Recordamos bem o Memorando inicial, recordamos bem aquele que foi o agravamento imediato da
situação económica europeia, logo no início do nosso processo de ajustamento. Recordamos bem que o PS,
há mais de dois anos, desde esse momento, desde o momento do agravamento da situação económica
europeia, com reflexo em Portugal, apelou a um consenso entre os partidos da maioria e o PS, que tinham
subscrito o Memorando, para procurarmos, desde logo, renegociar os prazos de ajustamento do nosso
Memorando. Ficou bem ao Deputado Miguel Frasquilho reconhecer que era preciso esse tempo adicional no
processo de ajustamento, mas definimo-lo muito cedo, definimos muito cedo essa posição política do Partido
Socialista, enquanto a maioria, nessa altura, afastou completamente esse consenso. E o que é que fez?
Duplicou a austeridade prevista no Memorando inicial.
Aplausos do PS.
O Sr. João Pinho de Almeida (CDS-PP): — Ninguém acredita nisso!
O Sr. Pedro Jesus Marques (PS): — Perante uma situação económica que também já se agravava
sucessivamente em resultado das novas medidas de austeridade do Governo ao longo dos dois últimos anos,
o PS dizia: «Temos que construir um consenso pelo menos entre quem subscreveu o Memorando para termos
mais tempo e um processo de ajustamento que não mate a economia portuguesa». A maioria fez tábua rasa
das propostas do PS, dessa posição política de fundo do PS, e duplicou a austeridade prevista no Memorando
inicial.
O PS apresentou essa proposta de consenso, mas a maioria preferiu carregar no «acelerador», duplicar a
dose, afundar a economia, afundar a situação social do País.
O Sr. António José Seguro (PS): — Bem lembrado!
O Sr. Pedro Jesus Marques (PS): — Chegamos, agora, a este Orçamento com um processo de
ajustamento onde o défice não baixou no ano de 2013, onde a dívida explodiu — aliás, como nunca — não só
no ano de 2012 mas também no ano de 2013, onde o desemprego está em valores absolutamente record para
Portugal, que são demasiado graves do ponto de vista social.
Chegamos aqui com um Orçamento que não é reformável, porque insiste na mesma estratégia orçamental.
E não é por repetirem a palavra consenso ad infinitum, não é por dizerem «consenso» as vezes que quiserem
que empurram o PS para apoiar uma estratégia que só está a afundar o País.
Aplausos do PS.
O consenso era para mudar a estratégia, não era para continuar a destruir, a fundo, o nosso País! Mas têm
agora oportunidades, vamos ter, durante três dias, o «teste do algodão».
Aqui, quando fechámos o debate na generalidade, a primeira reação do líder da bancada parlamentar do
PSD às propostas concretas apresentadas pelo Secretário-Geral do PS foi apoucar, desvirtuar as propostas
do PS, logo no minuto a seguir.
Pois bem, com serenidade, esperaremos pelo vosso voto nas propostas que fazem a diferença na vida dos
portugueses.
O Sr. António José Seguro (PS): — Muito bem!
O Sr. Pedro Jesus Marques (PS): — Sr.ª Presidente, começámos muito mal, porque o porta-voz do PSD,
ainda ontem à noite, qualificou de populistas as propostas do PS.
Vozes do PSD: — É verdade!