I SÉRIE — NÚMERO 18
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PCP denunciará e combaterá todas as medidas, todas as malfeitorias que constam deste Orçamento do
Estado que vão nesse sentido.
Mas, Sr.as
e Srs. Deputados, o Grupo Parlamentar do PCP enfrentará este debate na especialidade com a
convicção de que é possível construir uma alternativa à política do Governo. Com as nossas propostas,
apresentamos não um conjunto de remendos a um Orçamento do Estado que mantenha todas as opções do
Governo, mas, pelo contrário, alternativas que rompem com as opções do Governo e apontam um caminho
alternativo para o País.
Onde o Governo propõe cortes mais graves nos salários e nas pensões, nós propomos que seja devolvido
aos portugueses aquilo que lhes foi roubado.
Onde o Governo propõe que sejam empurrados para o abandono e a pobreza mais uns milhares de
portugueses, nós propomos o reforço dos apoios e das prestações sociais.
Onde o Governo propõe o desmantelamento das funções sociais do Estado — na saúde, na educação, na
proteção social —, nós propomos o respeito pelos direitos dos portugueses e pela Constituição da República.
Onde o Governo propõe privatizações e a ruína económica do País, nós propomos o controlo público dos
setores estratégicos, o apoio à produção nacional e a dinamização do nosso mercado interno.
Onde o Governo propõe o saque fiscal aos trabalhadores e aos pequenos e médios empresários, nós
apresentamos propostas de justiça fiscal que cobrem mais impostos a quem os pode pagar — à banca e aos
grupos economia — para aliviar a carga dos impostos sobre o trabalho, sobre os pequenos rendimentos.
Mas para tudo isto, Sr.as
e Srs. Deputados, é preciso ter recursos e para ter recursos é preciso coragem. É
preciso coragem para enfrentar os banqueiros, é preciso coragem para enfrentar os grandes grupos
económicos e os interesses instalados neste País, que continuam a lucrar à custa da crise e do saque que é
imposto à generalidade dos portugueses.
Por isso, apresentamos, em particular, três propostas que permitiriam aumentar, de forma significativa, os
recursos à disposição do Estado: renegociação da dívida; extinção das PPP; e anulação dos contratos swap.
Estas três propostas permitiriam ao Estado arrecadar um limite máximo de 8600 milhões de euros, recursos
que, entendemos, devem ser postos ao serviço do povo e ao serviço de um futuro de desenvolvimento e
crescimento económico para o País.
Aplausos do PCP.
A Sr.ª Presidente: — Tem a palavra o Sr. Deputado João Pinho de Almeida.
O Sr. João Pinho de Almeida (CDS-PP): — Sr.ª Presidente, Srs. Membros do Governo, Sr.as
e Srs.
Deputados, iniciamos a discussão, na especialidade, de um Orçamento que, como dissemos no debate na
generalidade, tem muito mais condições do que opções.
A primeira de todas é, desde logo, a condição do programa de assistência externa. Não foi uma escolha
deste Governo sujeitar Portugal à necessidade de recorrer a credores institucionais para financiarem a dívida
que Portugal já não conseguia financiar em mercados.
Vozes do CDS-PP: — Muito bem!
O Sr. João Pinho de Almeida (CDS-PP): — Isso foi consequência de uma gestão de outro Governo de
outra orientação política.
Em segundo lugar, é um Orçamento que tem uma condição do limite do défice. Mais uma vez, não é o
limite do défice que este Governo pretendeu inscrever neste Orçamento, este Governo não o inscreveu porque
pretendesse alargar o défice sem consequência, pois o Governo defendeu, de forma consciente, uma trajetória
de consolidação mais sustentável do que aquela que nos foi imposta pelos mesmos parceiros que o Governo
anterior trouxe para que a eles tivéssemos de recorrer.
A terceira condição é a estrutura da despesa pública. Numa altura em que temos que consolidar as contas
públicas e em que temos de o fazer do lado da despesa, porque essa é a consolidação mais sustentável a
médio e a longo prazos, não podemos ignorar a estrutura da despesa pública. Se vimos de trás com uma