30 DE NOVEMBRO DE 2013
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dinheiros que não sãos seus e, portanto, é um gestor que tem de respeitar a confiança relativamente às
poupanças que lhe foram entregues.
Quando a segurança social foi criada, através da integração da assistência social na previdência, criando
portanto o princípio da universalidade, isso não desobrigou o Estado, relativamente às prestações
contributivas, de cumprir aquilo que é o substrato e o fundamento do acordo.
Como referi, o PS nunca se isentou de qualquer participação numa reforma sustentável da segurança
social, como prova a reforma de 2007 e como provam todos os elogios, designadamente da OCDE,
relativamente a essa reforma, contra a qual os senhores votaram contra, aliás.
Mas invoco aqui Bagão Félix, que o Sr. Ministro conhece há bastante menos tempo do que eu mas que é
um investigador destas matérias e com quem seguramente está de acordo, que diz que o que lhe custa a ele
entender — e a mim também! — é a obsessão de colocar em primeiro lugar os sacrifícios sobre quem deveria
ser o último recurso depois de escrutinado tudo o resto.
Qualquer reforma social civilizada, com pés e cabeça, exige tempo de maturação, diálogo social intenso e
elaborada fase de transição e, ao contrário do que disse o Sr. Deputado Artur Rêgo, o Governo já decidiu
antes de discutir, na segunda-feira, em concertação social, o que será feito, ou seja, decidiu antes de discutir
aquilo que devia discutir previamente, no sítio e o local próprios.
Aplausos do PS.
Mas, mais, Sr. Ministro e Srs. Deputados da maioria:…
O Sr. Presidente (António Filipe): — Sr.ª Deputada, peço-lhe que conclua.
A Sr.ª Maria de Belém Roseira (PS): — Vou concluir, Sr. Presidente.
Os sistemas sociais previdenciais protegem-se criando emprego, diz Bagão Félix. Eu digo que se protegem
também aumentando os salários, e os senhores estão contra o aumento do salário mínimo nacional que é a
maneira automática de mais rapidamente aumentar a sustentabilidade da segurança social. É que, ao
contrário do que o Sr. Ministro disse, nos anos de 2003, 2004, 2005, 2006, 2007, 2008. 2009 e 2010, depois
das transferências feitas entre subsistemas, que são devidas no regime de repartição, o sistema sempre
esteve equilibrado.
Mas, mais, Sr. Ministro: em relação ao Tribunal Constitucional, quando se acena com os perigos de um
chumbo às medidas que foram propostas, avança-se sempre com os encargos brutos do Estado e omite-se
sempre que, relativamente às pensões pagas, o Estado retém na fonte as prestações que são devidas em
função do rendimento. E essa conta dos encargos verdadeiramente líquidos, isso nunca é mostrado!
Portanto, Sr. Ministro, o relatório da OCDE não dá razão ao Governo. A concertação não foi respeitada e
devia tê-lo sido e o Governo não pode dispor de dinheiro que não é seu sem envolver na discussão da reforma
indispensável da segurança social aqueles que são os verdadeiros titulares desse regime.
Aplausos do PS.
O Sr. Presidente (António Filipe): — Tem a palavra o Sr. Deputado José Manuel Canavarro.
O Sr. José Manuel Canavarro (PSD): — Sr. Presidente, Srs. Membros do Governo, Sr.as
e Srs.
Deputados: A Sr.ª Deputada Maria de Belém Roseira sabe, tenho a certeza que sabe, o enorme apreço e
respeito que tenho por si…
A Sr.ª Maria de Belém Roseira (PS): — É recíproco!
O Sr. José Manuel Canavarro (PSD): — Muito obrigado!
Registei a invocação sacra que fez do dinheiro dos contribuintes relativamente ao regime previdencial e
não posso deixar de concordar com aquilo que referiu nesta ideia de que temos de ter o maior cuidado com
tudo isto.