7 DE DEZEMBRO DE 2013
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O Sr. Paulo Sá (PCP): — A introdução de portagens, há dois anos, teve consequências desastrosas para a
região algarvia. Abalou a economia regional, criou sérias dificuldades às micro e pequenas empresas que já
lutavam para sobreviver, agravou o flagelo do desemprego, contribuiu para a degradação da imagem do
Algarve como destino turístico e forçou milhares de utentes da Via do Infante a regressarem ao «calvário»
diário na EN125.
As portagens na Via do Infante não caíram do céu. Resultam da opção política do PS, do PSD e do CDS
de penalizar a economia regional e os utentes, para continuarem a proteger os interesses dos grandes grupos
económicos que exploram a concessão. Estes três partidos, podendo optar pela renegociação do contrato de
concessão, cortando nos lucros fabulosos da concessionária, preferiram colocar o fardo sobre os ombros dos
cidadãos e das micro e pequenas empresas, já tão sacrificados pelas políticas de austeridade impostas no
âmbito do Memorando da troica.
Apresentamos hoje, pela sexta vez, uma proposta de abolição das portagens na Via do Infante. Os partidos
da «troica interna» podem rejeitá-la, como fizeram nas cinco vezes anteriores, mas estamos certos de que,
mais cedo do que tarde, a luta das populações irá impor a abolição das portagens na Via do Infante e a
devolução ao povo daquilo que ao povo pertence.
Aplausos do PCP.
A Sr.ª Presidente (Teresa Caeiro): — Tem a palavra o Sr. Deputado Rui Paulo Figueiredo.
O Sr. Rui Paulo Figueiredo (PS): — Sr.ª Presidente, Sr.as
e Srs. Deputados, em primeiro lugar, em nome
do Partido Socialista, gostaria de saudar todos aqueles que subscreveram esta petição.
No momento em que muitas vezes há desilusões com a participação cívica e política, é importante saudar
este esforço de participação cívica e associativa e também a dignificação deste instrumento. Todos nós temos
de fazer este esforço coletivo, que estamos a fazer hoje, de dignificação deste instrumento,
independentemente do conteúdo específico de cada petição e da posição política que cada grupo parlamentar
tem sobre a matéria em concreto.
Não queria concluir a minha intervenção sem deixar um reparo. Pelo menos nas petições que temos
apreciado em sede de Comissão de Economia e Obras Públicas, por vezes o Ministério da Economia ou não
responde ou responde tardiamente e após várias insistências. Ora, também nesta matéria, o Governo tem de
fazer um esforço conjunto, que a todos nós deve responsabilizar, no sentido de dignificar este instrumento.
Em relação aos projetos apresentados quer pelo Partido Comunista Português quer do Bloco de Esquerda,
reiteramos a nossa posição. Entendemos que esta matéria deve ser abordada, não estrada a estrada, região a
região, rua a rua, mas de um modo global e que deve haver soluções e abordagens diferenciadas, embora
globalmente discutidas.
Entendemos que o projeto de lei do Bloco de Esquerda merece ser avaliado e aprofundado no futuro,
porque refere assuntos importantes ao nível das isenções e dos descontos. Também poderia introduzir
matérias de alterações diferenciadas de tarifários para as regiões do interior e do Algarve, que nos preocupam.
Por exemplo, as negociações para o acordo de coligação na Alemanha demonstraram que há várias
soluções, há vários caminhos que podem e devem ser abordados. Estamos disponíveis para esse debate. Em
breve, também procuraremos trazer soluções diferenciadas de um modo global, mas não acompanhamos
estes projetos porque não concordamos com as normas revogatórias e, não concordando com essas normas,
não acompanharemos o projeto de lei do Bloco de Esquerda, embora entendamos que aborda assuntos
bastante relevantes e que no futuro devem ser debatidos e aprofundados.
A Sr.ª Presidente (Teresa Caeiro): — Para uma intervenção, tem agora a palavra o Sr. Deputado Artur
Rêgo.
O Sr. Artur Rêgo (CDS-PP): — Sr.ª Presidente, Srs. Deputados: Começo por cumprimentar os milhares de
subscritores anónimos desta petição e por dizer-lhes que, nestas questões, convém ter memória histórica.
Gostaria de lembrar que o CDS teve sempre uma posição coerente, programática, histórica e que não é
relativa ao Algarve, mas ao País inteiro, que é a posição do utilizador-pagador, que sempre defendemos.