I SÉRIE — NÚMERO 25
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A Sr.ª Emília Santos (PSD): — Por isso mesmo, o PSD não a pode acompanhar, porque o Portugal de
hoje exige maior sentido de responsabilidade e rigor.
Aplausos do PSD e do CDS-PP.
O Sr. Presidente (Ferro Rodrigues): — Para uma intervenção, tem a palavra o Sr. Deputado Renato
Sampaio, do Grupo Parlamentar do PS.
O Sr. Renato Sampaio (PS): — Sr. Presidente, Sr.as
e Srs. Deputados: Em primeiro lugar, em nome do
Grupo Parlamentar do PS, quero saudar o Sindicato dos Trabalhadores da Administração Local pela iniciativa
que tiveram, bem como os mais de 6000 peticionários que trouxeram a esta Câmara este importante debate.
Fizeram-no com a convicção — que, aliás, é a nossa — de que as autarquias locais desempenham
funções essenciais às populações, prestando serviço de proximidade fundamental para os cidadãos.
Fizeram-no também com a convicção de que existem serviços prestados às populações que muito
dificilmente serão de natureza lucrativa, porque não podem visar exclusivamente o lucro.
Fizeram-no ainda com a convicção de que a sustentabilidade do setor empresarial local deve assegurar a
universalidade dos serviços públicos.
Fizeram-no igualmente por considerarem que a Lei n.º 50/2012, de 31 de agosto, veio impor um regime
jurídico para o setor empresarial local que nada mais faz do que ditar a dissolução das empresas do setor
empresarial local, sem cuidar de atender às especificidades das nossas autarquias e ao objeto social dessas
mesmas empresas, esquecendo as massas trabalhadoras que diariamente cumprem uma missão de serviço
público.
Fizeram-no os peticionários, fizeram-no os Grupos Parlamentares do Bloco de Esquerda e do Partido
Comunista Português, embora com alcances distintos, e com os quais estamos disponíveis para trabalhar
numa alteração à Lei n.º 50/2012, em sede de especialidade, com a devida ponderação.
Sr. Presidente, Sr.as
e Srs. Deputados: Infelizmente, as palavras que aqui trago não são, em si mesmas,
uma novidade.
Nós somos favoráveis ao rigor e transparência do setor empresarial local. Somos favoráveis à sua
restruturação.
Já lutamos há muito por um regime jurídico no setor empresarial local que atenda à realidade local e às
suas necessidades específicas, que cuide de proteger os trabalhadores que se encontram a desempenhar
funções em serviços municipalizados e em empresas municipais.
Fizemo-lo sempre no entendimento de que importava otimizar a relação custo-benefício das estruturas
empresariais, assegurando a sua sustentabilidade futura e, igualmente, a transparência de informação, bem
como procedimentos mais claros e rigorosos, como seja por via da racionalização do quadro institucional, da
delimitação do perímetro da sua atividade, de um maior acompanhamento e fiscalização do acionista
municipal e da administração central e, naturalmente, a definição, com rigor, do relacionamento entre o setor e
os municípios.
O Sr. Presidente (Ferro Rodrigues): — Peço que conclua, Sr. Deputado.
O Sr. Renato Sampaio (PS): — Vou terminar, Sr. Presidente.
Fizemo-lo com responsabilidade, atendendo às especificidades que decorrem da operação das entidades
empresariais locais e dos objetivos de prossecução do interesse público local.
Mas, como em tantas outras situações, a maioria parlamentar impôs aqui, nesta Câmara, o que o Governo
havia decidido. E o resultado está à vista.
Não venham falar em liberdade do poder local, porque essa liberdade só serve para despedir,
desresponsabilizando o poder local.
Por isso, Sr. Presidente, acompanhamos estas iniciativas e estamos disponíveis para dar o nosso
contributo em sede de especialidade, como já fizemos no passado.
Aplausos do PS.