7 DE DEZEMBRO DE 2013
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E estas empresas serviram para coisas extraordinárias: permitiram contornar as regras que condicionam a
administração autárquica; permitiram atribuir subsídios; permitiram contratar pessoal e adquirir património,
sem atender às necessidades reais dos serviços que prestam. Chamaram-lhes «empresas», mas são tudo
menos «empresas».
A lei que esta maioria aprovou visou pôr fim a esta situação: uma empresa municipal que não tenha um
mínimo de receitas próprias, ou de cobertura mínima de despesas, ou seja, de sustentabilidade, tem de ser
extinta.
Vozes do CDS-PP: — Muito bem!
A Sr.ª Margarida Neto (CDS-PP): — E tem de ser extinta pelos órgãos próprios do município ou municípios
que a criaram, atendendo a critérios de ponderação e de necessidade local, assim como a internalização dos
recursos deve ser realizada na exata medida em que estes se encontrem afetos e sejam necessários ao
cumprimento das atividades objeto de integração ou internalização.
Por isso, foi garantida a possibilidade de cedência dos seus trabalhadores contratados às entidades
públicas participantes. São os municípios que devem ponderar. E devem fazê-lo com rigor.
Hoje, quer o PCP quer o Bloco, em iniciativas que comungam da mesma «fonte», vêm apresentar uma
solução «mágica»: a internalização nos municípios participantes de todos os trabalhadores.
Para o PCP e o Bloco, nesta Casa, não interessa o processo de ponderação, quer da necessidade, quer da
capacidade dos municípios sobre a integração ou internalização nos serviços camarários das atividades e dos
recursos das estruturas empresariais pré-existentes. Querem resolver o problema do universo das empresas
municipais transferindo-o para os municípios.
Mas não surpreende: têm a «capacidade» de ser contra as «sucessivas alterações legislativas que
permitiram a proliferação de empresas locais e a subtração do legítimo controlo dos órgãos próprios dos
municípios» e de, simultaneamente, ser contra a «extinção das empresas municipais» que não prestam, como
se verifica em muitos casos, quaisquer serviços públicos.
Vozes do CDS-PP: — Muito bem!
A Sr.ª Margarida Neto (CDS-PP): — Em que é que essa lógica difere da lógica de «proliferação das
empresas municipais» sem necessidade nem viabilidade, que o Bloco e o PCP, afinal, tanto advogam
combater? Ou é preciso que, hoje, mais Deputados dessa bancada sejam presidentes de câmara, amanhã,
para «admitir dificuldades em pagar compromissos» para os quais afinal não têm recursos?
Aplausos do CDS-PP.
O Sr. João Oliveira (PCP): — Ó Sr.ª Deputada, isso é uma lengalenga!
O Sr. Presidente (Ferro Rodrigues): — Para uma intervenção, tem a palavra o Sr. Deputado José Luís
Ferreira, de Os Verdes.
O Sr. José Luís Ferreira (Os Verdes): — Sr. Presidente: As primeiras palavras são para, em nome do
Grupo Parlamentar do Partido Ecologista «Os Verdes», saudar os milhares de subscritores desta petição que,
através dela, exigem a defesa dos serviços públicos e dos postos de trabalho, o que passa, natural e
obrigatoriamente, pela alteração da Lei n.º 50/2012.
Queria também saudar o STAL — Sindicato Nacional dos Trabalhadores da Administração Local e
Regional, que tomou a seu cargo a iniciativa de promover e fazer uso deste importante instrumento de
exercício da democracia, mas também de cidadania, e dizer que a matéria sobre a qual versa esta petição é, a
nosso ver, da maior importância, porque, de facto, o Governo PSD/CDS, através da sua reforma do setor
empresarial local, procedeu à extinção e à privatização de empresas municipais, mas, intencional e
deliberadamente, esqueceu-se do mais importante.