I SÉRIE — NÚMERO 28
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A Sr.ª Presidente (Teresa Caeiro): — Também para uma intervenção, tem a palavra o Sr. Deputado Hélder
Amaral.
O Sr. Hélder Amaral (CDS-PP): — Sr.ª Presidente, Sr.as
e Srs. Deputados: De facto, este nosso projeto de
resolução, como já aqui foi dito, prende-se não com aquilo que foi designado como Céu Único Europeu ou
Single European Sky, que teve, no fundo, em 2004, a sua existência e culminou, depois, em 2009, com a
Eurocontrol. Este projeto teve, de facto, eficiências evidentes quer a nível de segurança, quer a nível de preço
para o próprio utilizador, para o próprio consumidor, porque reduziu em muito o preço das viagens.
Acontece que, em Portugal, sobre esta matéria, o percurso que foi feito até agora foi um percurso positivo,
ou seja, a constituição da Eurocontrol, a constituição do Céu Único Europeu resultou em ganhos evidentes em
segurança, em tráfego e em preço e teve até eficiências, em resultado do know-how que Portugal conseguiu
ter nessa matéria. Lembro, por exemplo, o sistema Free Route — para incomodar um pouco mais a bancada
do Partido Comunista —, que é um modelo utilizado em Portugal que permite que cada companhia aérea
escolha a rota mais fácil e mais direta para aterrar, o que traz ganhos evidentes ao tráfego aéreo. Ora,
Portugal já faz isso, pelo que entendemos que em relação aos benefícios criados com o Céu Único Europeu
nós aplicamos os melhores, e aplicamo-los de forma mais eficiente e mais eficaz.
Este passo para o «2+» merece alguma ponderação e preocupação, por parte do Governo português.
Aliás, essa ponderação e essa preocupação é também comum a outros países europeus que suscitaram
dúvidas sobre a necessidade de dar um passo em frente e sobre o que estaria em causa.
Lembro que, de facto, Portugal, na RIV (Região de Informação de Voo) ou na FIR (Flight Information
Region) — como quiserem — de Santa Maria tem ganhos evidentes. É a única zona de controlo aéreo que
tem a ver com todo o espaço atlântico e que ainda está sob a tutela de Portugal, é uma tutela de soberania do
Estado português, que pode até pôr em causa a utilização militar dos aeroportos portugueses, e isso tem
trazido ganhos para Portugal. Lembro aqui valores de 37,6 milhões de euros e 11,7 milhões de euros,
respetivamente, na região aérea de Lisboa.
Portanto, para nós, esta proposta e esta ação da Comissão Europeia merece, de facto, muita atenção e
muito cuidado, porque nela não se identifica qualquer contributo para incrementar a qualidade do serviço
nacional de navegação aérea que não seja já efetiva. Ela representa uma apropriação injustificada pelo
espaço europeu de uma competência nacional, que até foi reconhecida pela Organização das Nações Unidas,
de que aqui falei, nomeadamente a FIR dos Açores; põe em causa a manutenção de know-how dentro das
fronteiras dos Estados-membros, e Portugal, nesta matéria, tem muita cooperação quer com os PALOP, quer
com outros Estados; e não torna claros os ganhos evidentes da criação de 5000 postos de trabalho, porque,
por um lado, cria-os, mas retira-os por outro, tal como retira muita capacidade no espaço nacional e no espaço
dos Estados-membros.
Por isso, a nossa recomendação é a de que o Governo olhe para esta proposta com atenção. Esta matéria
não está em causa em nenhum dos tratados europeus ou acordos, pelo que entendemos que a ponderação e
o cuidado têm de ser uma premissa.
Sei que há um largo consenso, por parte das várias bancadas, para encontrarmos um texto comum, não
contra o conceito da Eurocontrol e do Céu Único Europeu, mas, sim, contra este passo do pacote «2+», que,
de facto, é um passo desnecessário e, até ver, inútil, que não põe em causa nenhum dos pressupostos nem
nenhum dos objetivos que estavam, entretanto, propostos naquilo a que se chamava o Single European Sky,
proposto em 2004 e em 2009.
Aplausos do CDS-PP.
A Sr.ª Presidente (Teresa Caeiro): — Para uma intervenção, tem a palavra a Sr.ª Deputada Mariana
Mortágua.
A Sr.ª Mariana Mortágua (BE): — Sr.ª Presidente, Sr.as
Deputadas e Srs. Deputados: Existe um grande
consenso relativamente ao setor dos serviços de navegação aérea em Portugal, que são atualmente
prestados pela NAV Portugal (Navegação Aérea de Portugal).