I SÉRIE — NÚMERO 29
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Para Nadir Afonso, autor de uma teoria estética, a arte é puramente objetiva e regida por leis de natureza
matemática, que tratam a arte não como um ato de imaginação mas de observação, perceção e manipulação
da forma.
Em 1970, a Fundação Calouste Gulbenkian dedica-lhe uma retrospetiva, apresentada no Centre Culturel
Portugais, em Paris, e posteriormente em Lisboa.
Tendo alcançando um elevado reconhecimento internacional, Nadir Afonso foi distinguido, em 1967, com o
Prémio Nacional de Pintura e, em 1969, com o Prémio Amadeo de Sousa-Cardoso. Foi condecorado com o
grau de Oficial (1984) e de Grande-Oficial da Ordem Militar de Santiago da Espada (2010). Recebeu ainda o
título de Doutor Honoris Causa pela Universidade Lusíada de Lisboa (2010) e pela Universidade do Porto
(2012).
Em 2010, quando fez 90 anos, o Museu do Chiado, em parceria com o Museu Soares do Reis, dedicou a
Nadir Afonso uma extensa exposição intitulada ‘Nadir Afonso. Sem Limites’. Nela se reuniram cerca de 150
obras, especialmente da primeira metade do percurso do artista, entre 1930 e 1960.
Depois desta, que foi a maior exposição dedicada à sua obra, Nadir Afonso morreu sem ver, contudo,
inaugurada a sede da Fundação com o seu nome, em Chaves, um projeto do arquiteto Siza Vieira.
Nadir Afonso, como sublinha o pintor Júlio Pomar, é um verdadeiro ‘mito’, um ‘homem-espetáculo’, cuja
particularidade marcou não só a sua geração mas gerações de artistas vindouras.
O homem que afirmou ‘Se tiver um metro quadrado de espaço para trabalhar, sou tão feliz como numa
grande cidade’, fica, assim, na história da arte portuguesa e a sua obra continuará a ser um exemplo de
vanguardismo e perfeição. Como o próprio confessou, ‘não procurava nem a celebridade nem a fortuna’,
sendo toda a sua obra uma incessante procura ‘da essência da Arte’.
Preservou sempre a ligação a Chaves, sua terra natal, onde sempre voltava, e onde, hoje, regressará.
A Assembleia da República, ciente do trabalho prestado por Nadir Afonso Rodrigues ao longo de toda a
sua vida, presta um merecido tributo à sua memória e endereça à sua família um voto de sentido pesar».
A Sr.ª Presidente: — Agradeço aos grupos parlamentares o facto de me permitirem subscrever este voto
em primeiro lugar, visto que eu era uma grande amiga de Nadir Afonso.
Srs. Deputados, vamos votar o voto n.º 165/XII (3.ª), que acabou de ser lido.
Submetido à votação, foi aprovado por unanimidade.
Sendo assim, peço aos Srs. Deputados o favor de guardarmos 1 minuto de silêncio.
A Câmara guardou, de pé, 1 minuto de silêncio.
Srs. Deputados, passamos ao voto n.º 164/XII (3.ª) — De protesto pela atual situação na Ucrânia (PSD, PS
e CDS-PP).
Como os Srs. Deputados sabem, está definido que caberá a cada grupo parlamentar uma intervenção por
2 minutos, antes da votação.
Tem a palavra o Sr. Deputado João Oliveira.
O Sr. João Oliveira (PCP): — Sr.ª Presidente, Sr.as
e Srs. Deputados: É inaceitável que a Assembleia da
República seja confrontada com um voto que branqueia e dá cobertura à ação desestabilizadora e violenta de
forças ultranacionalistas, neofascistas e xenófobas,…
Vozes do PSD e do CDS-PP: — Oh!
O Sr. João Oliveira (PCP): — … considerando que esse é um preço aceitável a pagar para garantir que a
União Europeia possa continuar a alargar a sua influência.
É inaceitável que a Assembleia da República seja confrontada com um voto que apoia a política de embate
de blocos, promovendo objetivos de divisão, confronto e desestabilização da situação na Ucrânia, para levar a
cabo uma inaceitável manobra de pressão e chantagem sobre as instituições ucranianas.