I SÉRIE — NÚMERO 31
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O Sr. Luís Leite Ramos (PSD): — Sr.ª Presidente, Srs. Membros do Governo, Sr.as
e Srs. Deputados, Sr.
Ministro Adjunto e do Desenvolvimento Regional, penso que vale a pena retomar uma afirmação que fez há
pouco: é essencial centrarmo-nos no problema que estamos a discutir relativamente à reorganização e à
modernização das políticas públicas.
Penso que é indiscutível e inequívoco que existe hoje em Portugal um grande desfasamento entre aquelas
que são as realidades do País — as realidades demográficas, sociais, económicas e territoriais — e a
capacidade do Estado, na sua ação e interação com os cidadãos. Ignorar este desfasamento é ignorar o
problema e continuar a contornar aquilo que é essencial.
Nas últimas três décadas, o País mudou, e muito. Em termos territoriais, litoralizou-se, metropolarizou-se,
despovoou-se e tem hoje um conjunto de problemas que são novos, mas não são só problemas do interior,
são problemas de todo o País.
Naturalmente, o Estado tem de reagir perante as limitações financeiras, mas também com a preocupação
de poder ter uma ação muito mais eficaz, muito mais racional, conseguindo alocar meios e, sobretudo,
centrando o essencial dessa ação, como dizia o Sr. Ministro, no cidadão, que é o último destinatário das
políticas públicas.
Nesta reforma, nesta reorganização, há, obviamente, razões de natureza financeira, preocupações com a
eficiência da ação do Estado, mas há também preocupações que têm a ver com a equidade social e territorial
no acesso a bens e serviços, tal como há uma preocupação fundamental com a igualdade de oportunidades
dos cidadãos portugueses, onde quer que eles residam, onde quer que eles trabalhem, onde quer que eles
desenvolvam a sua atividade.
Nesse sentido, a minha pergunta ao Sr. Ministro é esta: em que medida é que o Governo garante aos
cidadãos do interior que a coesão territorial e social será mantida e que programas como o Aproximar irão no
sentido de reforçar essa coesão e, sobretudo, de garantir a equidade, princípio garantido constitucionalmente,
para que a população portuguesa, os portugueses, na sua totalidade, continuem a beneficiar dos serviços
públicos?
Aplausos do PSD e do CDS-PP.
A Sr.ª Presidente: — Para responder, tem, agora, a palavra o Sr. Ministro Adjunto e do Desenvolvimento
Regional.
O Sr. Ministro Adjunto e do Desenvolvimento Regional: — Sr.ª Presidente, em primeiro lugar, gostaria
de dizer ao Sr. Deputado Nuno Sá que o Governo e eu próprio temos bem consciência dos sacrifícios dos
portugueses.
Mas também sabemos porque é que esses sacrifícios são necessários: são-no, porque políticas
irresponsáveis conduziram o nosso Estado a uma situação de insustentabilidade.
Protestos do PS.
O que estamos a fazer é dar sentido aos sacrifícios que os portugueses, infelizmente, têm de fazer devido
às políticas que foram realizadas pelo Governo do seu partido.
Vozes do PS: — Quais? Diga quais!
O Sr. Ministro Adjunto e do Desenvolvimento Regional: — O que temos hoje, na verdade, são sinais
consistentes de recuperação económica: crescimento económico, queda do desemprego e crescimento das
exportações e da produção industrial. São sinais consistentes. É verdade que em bastantes aspetos ainda não
se fazem sentir na vida de muitos portugueses, sobretudo na daqueles — e são muitos ainda — que
continuam desempregados. Mas são sinais que dão sentido às políticas que temos feito…
Protestos do PS.