9 DE JANEIRO DE 2014
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O Sr. Presidente (Guilherme Silva): — Faça favor de terminar, Sr.ª Deputada.
A Sr.ª Cecília Meireles (CDS-PP): — E se as pensões mínimas estão descongeladas, a este Governo se
deve.
Aplausos do CDS-PP e do PSD.
O Sr. Presidente (Guilherme Silva): — Para uma declaração política, tem a palavra o Sr. Deputado João
Oliveira.
O Sr. João Oliveira (PCP): — Sr. Presidente, Sr.as
e Srs. Deputados: Os poucos dias deste início de 2014
confirmam já os perigos com que o povo português e a democracia estão confrontados, colocando exigências
redobradas à luta contra o Governo e a sua política.
O Governo e a maioria já confirmaram que estão apostados em acelerar ao máximo o ritmo das medidas
do programa político de exploração e saque aos trabalhadores e ao povo português, levando tão longe quanto
possível a destruição de direitos e a mutilação da democracia.
Querem, rapidamente, transformar em definitivo tudo aquilo que diziam ser apenas temporário.
Querem tornar definitivos, antes da saída da troica, os cortes salariais, o saque das pensões, a facilitação
dos despedimentos e a precarização das relações laborais.
Querem tornar irreversíveis os cortes nos direitos à educação, à saúde, à segurança social, procurando
que sejam irreparáveis as medidas de desmantelamento do SNS, da escola pública, da segurança social, de
privatização de empresas públicas e outras medidas que entretanto foram tomando.
Ao mesmo tempo que aceleram as medidas estruturais para tornar definitivo este programa de
concentração da riqueza, empobrecimento do povo e exploração dos trabalhadores, o Governo e a maioria
estão apostados em fazer esquecer que interesses servem estas políticas e quem são os seus responsáveis.
Não há uma palavra do Governo ou dos Deputados do PSD e do CDS sobre o aumento do número de
milionários e das suas fortunas, ao mesmo tempo que entre o povo alastra a pobreza, a miséria e a
emigração.
O Governo e a maioria anunciam o final do pacto e a saída da troica como o momento em que se iriam
embora todos os nossos problemas, em que nos libertaríamos do protetorado para recuperar a nossa
soberania e os nossos direitos.
Tentam vender a ilusão de que tudo aquilo que foi imposto aos trabalhadores e ao povo nos últimos três
anos foi obra exclusiva da troica estrangeira e que a partir da sua saída, lá para meados do ano, tudo será
diferente.
Falam das medidas e das imposições da troica como se as assinaturas de PS, do PSD e do CDS naquele
pacto não fossem a sua própria aceitação da ocupação estrangeira. Como se não tivesse havido um Governo
PSD/CDS de Passos e Portas a executar fielmente todas as medidas desse pacto contra o povo e o País, sem
oposição do PS. Como se esse Governo de Passos e Portas não tivesse mesmo assumido querer ir mais
longe que a troica no roubo de direitos e de futuro a quem trabalha.
Este pacto foi assinado para servir os interesses da banca e dos grandes grupos económicos e foi
executado contra os interesses do povo e do País. Os seus responsáveis são os três partidos que o
assinaram, o Governo que o executou e a maioria parlamentar de geometria variável que o apoia e, por isso,
terão de responder perante o povo.
Sr. Presidente, Sr.as
e Srs. Deputados: As notícias deste início de 2014 dão conta de um País arrasado e
da intenção do Governo em prosseguir a sua obra destruidora.
O final de 2013 trouxe mais um chumbo do Tribunal Constitucional — agora à designada «convergência de
pensões» —, confirmando que temos um Governo que governa à margem e contra a Constituição e a
democracia.
A resposta do Governo à declaração de inconstitucionalidade é a da que insistirá no roubo aos mesmos,
aos pensionistas e reformados, ainda que por outra via.
O Sr. António Filipe (PCP): — Exatamente!