9 DE JANEIRO DE 2014
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decisiva para o futuro do nosso País é a rutura com estas políticas e a construção de uma política alternativa e
de esquerda.
Ficamos com pena de não ter ouvido, da parte do Partido Socialista, nada relativamente a isto.
Aplausos do PCP.
O Sr. Presidente (Guilherme Silva): — Para pedir esclarecimentos, tem a palavra o Sr. Deputado Pedro
Filipe Soares.
O Sr. Pedro Filipe Soares (BE): — Sr. Presidente, Sr.as
e Srs. Deputados, Sr. Deputado João Oliveira,
saúdo-o pela intervenção que fez, porque apontou alguns dos problemas fundamentais do País.
Pegou no exemplo que é a Constituição, naquilo que representa e na forma como este Governo, na sua
governação, teima em querer atropelá-la. Fá-lo diretamente no Orçamento do Estado e, por isso, tantas vezes
viu o Tribunal Constitucional dizer que as suas escolhas são inconstitucionais. A cada decisão do Tribunal
Constitucional parece querer fazer um novo desafio, não ficando contente e parecendo que o que está errado
são as regras e não o próprio Governo. E por isso, face à decisão do Tribunal Constitucional, que dizia que era
inconstitucional cortar pensões, o plano a é tão igual ao plano b agora apresentado que, tendo o plano a sido
chumbado por cortar as pensões, agora quer novamente insistir em cortar pensões.
Estas são as escolhas de quem olha para a Constituição, de quem olha para os direitos e vê um alvo a
abater.
Por isso é tão necessário que o País diga que é na Constituição que estão os seus direitos: o direito ao
salário, o direito à confiança na segurança social, o direito a um Estado social que o proteja nos momentos
mais difíceis, que é aquilo para que eles trabalharam uma vida inteira, que é aquilo para que eles descontaram
e foi aquilo que eles construíram com a democracia de Abril.
Mas deu um exemplo da saúde. Colocou um caso concreto e permita-me fazer exatamente o mesmo. No
distrito de Aveiro, por onde eu sou eleito, houve, mais uma vez, um descalabro no hospital de Aveiro, neste
período natalício. Estavam várias ambulâncias à porta do hospital, à espera de poder sair, porque levavam
doentes e o hospital não tinha macas para deixar os doentes. Estava um caos nas urgências do hospital de
Aveiro e as pessoas penavam porque tinham que esperar e penavam porque sabiam, também, que, se
alguma emergência acontecesse, as ambulâncias estavam lá, porque o hospital não conseguia responder,
nem aos utentes, nem à necessidade de ter macas para quem delas necessitava. Empurrou para os
bombeiros e foram as próprias corporações que disseram que era o Serviço de Urgência que estava a ser
colocado em causa. Ora, este é o exemplo concreto de um hospital que conheço bem, mas que relata o que é
a realidade do País.
O Sr. Presidente (Guilherme Silva): — Faça favor de terminar, Sr. Deputado.
O Sr. Pedro Filipe Soares (BE): — Vou terminar, Sr. Presidente.
Num serviço essencial como é o serviço de saúde, os utentes desesperam porque esperam nas urgências
sem terem acesso a cuidados essenciais e desesperam porque a austeridade destrói aquilo que foi construído
a tanto custo no nosso País.
Por isso, Sr. Deputado, pergunto-lhe, finalmente, se não acha que a defesa da Constituição é, de facto, a
defesa daquilo que nos torna, enquanto nação, um povo solidário e é nessa defesa que confrontamos o
Governo nas suas escolhas fundamentais. De um lado, o Governo escolheu a banca, a finança, os
banqueiros; do lado da Constituição, está o povo, estão os direitos, está o Estado social e é desse lado que
devemos estar, na defesa daquela que é a identidade nacional, na defesa daquela que é a verdadeira
solidariedade entre todos.
Aplausos do BE.
O Sr. Presidente (Guilherme Silva): — Para responder, tem a palavra o Sr. Deputado João Oliveira.