I SÉRIE — NÚMERO 33
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O Sr. Pedro Filipe Soares (BE): — Em suma, esperamos que seja possível a apresentação de propostas
que respondam às famílias e que elas façam o seu caminho, conseguindo, de uma vez por todas, convencer a
maioria, para que ela não fique refém, não de si mesma, mas da banca, naquele que é um mau serviço ao
País.
Aplausos do BE.
O Sr. Presidente (Guilherme Silva): — Para pedir esclarecimentos, tem a palavra o Sr. Deputado Carlos
Santos Silva.
O Sr. Carlos Santos Silva (PSD): — Sr. Presidente, antes de mais queria saudar o Bloco de Esquerda por
ter trazido à discussão este tema que o PSD entende ser de uma grande importância para as famílias
portuguesas, dado que nasceu exatamente da iniciativa da maioria, neste caso do PSD, a apresentação de
propostas nesta área.
É evidente que as suas críticas não nos servem, não «enfiamos a carapuça», na medida em que o
arrazoado de ideias que trouxe a este Parlamento revela uma grande demagogia à volta deste tema.
Não é verdade que o crédito malparado relativo à habitação tenha aumentado. Se o Sr. Deputado for
honesto, deverá dizer, porque ouviu ontem declarações de representantes da Comissão de Avaliação, que o
que foi transmitido foi que esse crédito malparado no âmbito da habitação diminuiu. Portanto, não é verdade o
que diz.
A grande vantagem desta legislação que o Sr. Deputado falou (e que, na altura, foi um ato de coragem por
parte desta maioria) foi a de termos introduzido uma medida que não existia no sistema bancário português: a
de os bancos serem obrigados a dar uma solução às famílias que vivem, de forma dramática, dificuldades
financeiras, às famílias que estão no desemprego, às famílias que sofrem uma redução substancial de
rendimento. Nós obrigámos a banca, como o Sr. Deputado enfatiza, a dar uma solução às pessoas. É esta a
grande virtude deste regime extraordinário, que não existia no sistema bancário português nem em lado
nenhum na Europa.
Ouvimos, ontem, pessoas insuspeitas dizerem que, Portugal, em matéria legislativa, é dos países europeus
mais evoluídos no que toca ao crédito à habitação e à proteção dos devedores. Portanto, isto é fonte de
regozijo para todos nós, no PSD.
O Sr. Jorge Paulo Oliveira (PSD): — Muito bem!
O Sr. Carlos Santos Silva (PSD): — Foi devido a esta nossa legislação, foi devido a estas nossas
medidas que as famílias portuguesas estão mais bem defendidas neste momento.
Sr. Deputado, nós não defendemos aquilo que os senhores defendem. Nós defendemos que as famílias
continuem a pagar as suas casas, não defendemos que as famílias se livrem das dívidas mas vão viver para
debaixo da ponte. Com as vossas medidas, de entrega da casa de forma unilateral, o que os senhores estão a
fazer é levar a que as pessoas, no futuro, vão viver debaixo da ponte.
Nós queremos dar futuro às pessoas, nós queremos dar esperança às pessoas. Com as nossas
negociações, ao obrigar a que haja negociações entre o banco e as famílias, as pessoas vão continuar a
pagar as suas casas. De resto, temos de referir que o regime geral associado resolveu 470 000 processos ao
longo deste ano.
Vozes do PSD: — Muito bem!
O Sr. Carlos Santos Silva (PSD): — É demagogia da vossa parte virem dizer que só 100 famílias é que
resolveram o seu problema. Foram 470 000 os processos de crédito à habitação que ficaram resolvidos no
âmbito do regime geral de recuperação de dívidas.
O Sr. Jorge Paulo Oliveira (PSD): — Muito bem!