9 DE JANEIRO DE 2014
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circunstância de muitas destas pessoas estarem novamente a receber os seus filhos e os seus netos, que
ficaram desempregados, em suas casas. Trata-se, pois, da «tempestade perfeita».
Assim, é impossível que as pessoas consigam, nem que seja por atitudes mais minimalistas, que não são
as soluções que foram consagradas pois essas foram as mais maximalistas, resolver este problema.
Sr. Deputado, dado que está prestes a dar entrada um Orçamento retificativo, não acha que era uma boa
altura para, aproveitando esse Orçamento retificativo, se introduzir medidas sérias para atacar este grave
problema com que milhares de pessoas estão confrontadas? E quais são, em seu entender, as medidas que
deveriam ser introduzidas nesse Orçamento retificativo para debelarmos esta chaga, este problema
gravíssimo, que deixa as pessoas «com o coração nas mãos», porque não têm capacidade para o resolver.
Aplausos do PS.
O Sr. Presidente (Guilherme Silva): — O Sr. Deputado Pedro Filipe Soares informou a Mesa que
responderá individualmente a cada orador.
Tem a palavra, Sr. Deputado.
O Sr. Pedro Filipe Soares (BE): — Sr. Presidente, Sr. Deputado Ramos Preto, agradeço as suas
considerações e as suas perguntas.
De facto, o Orçamento retificativo já foi anunciado e, se não me falha a memória, a sua discussão terá lugar
no dia 22. Veremos quanto tempo demora o respetivo debate, na especialidade.
Há um conjunto de alterações que pode, e deve, fazer-se no âmbito do Orçamento retificativo. Aliás, como
acompanha essa área, creio que se lembrará de que o Bloco de Esquerda apresentou um conjunto de
propostas de alteração, relativas, por exemplo, ao IMI, que até poupavam as famílias, mantendo a receita
fiscal. Ora, uma ideia que o Governo tentou fazer passar foi a de que teria uma mão forte, por exemplo, com
os fundos imobiliários para 2014, quando, na prática, o que inscreveu no Orçamento do Estado para 2014 foi
que lhes iria dar um bónus de 50% de isenção no pagamento do IMI. O Bloco de Esquerda esteve
frontalmente contra essa proposta e insistirá na sua. Esta é a nossa postura e creio que nos reconhecerá essa
legitimidade.
Agora, devo dizer que me parece que esta matéria — o regime extraordinário de renegociação do crédito à
habitação —, até pela validade jurídica que tem, não deveria constar do Orçamento retificativo, pois são
questões diferentes. Mas há muitas maldades orçamentais que devem ser corrigidas no Orçamento retificativo
— todas as questões fiscais, como, por exemplo, a sobretaxa do IRS, a forma como o Governo quer levar por
diante novos cortes. É que, entenda-se, este Orçamento retificativo trará novos cortes no rendimento das
famílias. Veja-se o exemplo que dei: se este Governo levar a sua ideia por diante, um pensionista verá
novamente o seu rendimento líquido cortado, mas, para efeito de cálculo no regime extraordinário, tudo ficará
como antes, porque, apesar de todos os cortes que vêm no talão e do menos dinheiro que lhe chega à conta
bancária ou ao bolso, na prática, o item inicial mantém-se inalterado. Ora, essa é a realidade que serve para
enganar aqueles que não têm um olhar atento a estas matérias.
Mas quem não se enganou sobre isto foram as famílias. Creio que essas é que olharam para a Assembleia
da República, particularmente para esta maioria, e perceberam que ela lhes virou as costas. A maioria não
quis sequer — e esse foi um dos pontos interessantes desse processo — votar as suas propostas iniciais, as
propostas que PSD e CDS tinham apresentado nesta Assembleia. Foram os grupos parlamentares da
oposição que as apresentaram novamente no momento da votação na especialidade e aí a maioria votou
contra. É que a maioria se, antes, percebia que este era um problema do lado das famílias e que tinha de
resolvê-lo respondendo às famílias, depois logo considerou que, se pudesse ser um problema para os
rendimentos da banca, então, teria era de estar do lado da banca, virando as costas às famílias.
Da nossa parte — e esse foi o repto que lancei —, esperamos que haja uma resposta positiva. Mas, é
claro, o processo legislativo tem os seus trâmites e o PS também está a tempo de fazer a apresentação das
suas propostas.
O Sr. Presidente (Guilherme Silva): — Faça favor de terminar, Sr. Deputado.