17 DE JANEIRO DE 2014
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Se Portugal faz tudo para apoiar e atrair investidores estrangeiros e até reformados e profissionais
especializados, por que não cria também melhores condições para facilitar o investimento dos empresários
portugueses espalhados pelo mundo? As comunidades portuguesas são empreendedoras por natureza e já
animam fortemente as exportações no setor alimentar e da construção, entre outros, mas querem sentir que o
País está de braços abertos para os acolher.
Neste longo caminho que ainda falta percorrer, o Governo e outras entidades têm um papel importante a
desempenhar. A promoção de encontros com empresários das comunidades é relevante, mas está longe de
ser suficiente. Deve haver uma discriminação positiva com apoios e incentivos para os empresários das
comunidades, cujos investimentos ganham uma importância acrescida se forem para o interior do País. Para
isso, é preciso eliminar os entraves desnecessários e a inércia administrativa e sensibilizar as câmaras
municipais para a importância de agilizarem estes processos. Tal como é preciso conhecer com mais rigor
quantos são realmente os empresários portugueses no estrangeiro e quais as suas atividades.
A resolução que hoje apresentamos tem, precisamente, como objetivo contribuir para que o potencial
imenso que representam os empresários das comunidades seja devidamente aproveitado, promovendo a
captação de investimento e a internacionalização das empresas nacionais. Nada pode dar maior satisfação a
um português que teve de emigrar e venceu na vida do que sentir-se apoiado para investir na sua região e
assim ajudar o País.
Era este, de resto, o alcance do programa NETINVEST, que chegou a ser aprovado na anterior Legislatura,
mas que, infelizmente, este Governo abandonou, perdendo-se, assim, aquela que seria uma forte e a primeira
política pública, com um orçamento digno, dirigida aos empresários das comunidades.
Esta iniciativa legislativa é também essencial para o reforço da diplomacia económica e para o papel
central que nela devem ter as embaixadas e os consulados. Mas, para isso, o Governo não pode continuar a
enfraquecer a rede diplomática e consular, reduzindo de forma absurda diplomatas, técnicos e funcionários.
Finalmente, é preciso sublinhar a importância das câmaras do comércio e associações de empresários
portugueses no estrangeiro, que desempenham um papel fundamental no apoio às empresas e promoção do
investimento. Estas entidades precisam de ser apoiadas e ter reconhecimento público, para, assim, colocarem
todo o seu potencial ao serviço do desenvolvimento.
O PSD que não venha para aqui dizer que já não é preciso fazer mais nada, porque foi criado, há meses, o
Gabinete de Apoio ao Investidor da Diáspora, porque este Gabinete é pouco mais que o PowerPoint que o
anuncia, uma fachada, porque nada pode funcionar, como é óbvio, a custo zero. E a verdade é que não tem
endereço eletrónico, não tem nenhuma informação, nem verba nem funcionários, e quem liga para o telefone,
que foi divulgado aquando do seu lançamento, não obtém quaisquer respostas. E por isso o Governo deve
explicar também porque passa o tempo a fazer propaganda de um gabinete que, na realidade, ninguém
consegue contactar, nem possui quaisquer informações.
É por isso que é importante o Parlamento aprovar as orientações desta resolução.
Aplausos do PS.
Entretanto, assumiu a presidência o Vice-Presidente Ferro Rodrigues.
O Sr. Presidente: — Para uma intervenção, tem a palavra o Sr. Deputado Carlos Páscoa Gonçalves.
O Sr. Carlos Páscoa Gonçalves (PSD): — Sr. Presidente, Sr.as
e Srs. Deputados: O Programa do atual
Governo consagra como objetivo estratégico a valorização das comunidades portuguesas residentes no
estrangeiro, nas vertentes económica, cultural, social e política.
Nesse sentido, preconiza, entre outras, as seguintes medidas: contribuir para reforçar a internacionalização
e a competitividade das empresas; lançar a marca Portugal enquanto símbolo de qualidade das empresas,
marcas e produtos portugueses no estrangeiro; fomentar e reforçar as parcerias entre empresários
portugueses residentes e não residentes, nomeadamente na reforma do programa NETINVEST; promover a
ação de câmaras de comércio portuguesas e outras estruturas empresariais nos países de residência e a sua
articulação nacional.