I SÉRIE — NÚMERO 38
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O Sr. Primeiro-Ministro: — Nós temos vindo a resolver os problemas, a pagar as dívidas e a regularizar a
situação. É por isso também que as nossas taxas de juro acompanham esse grau de confiança que o mercado
externo tem em Portugal.
Sr. Deputado, verificando a evolução das taxas de juro a 10 anos para Portugal, num quadro que vai de
2006 a 2013, creio que é bem notório onde esteve o problema.
O Sr. Nuno Magalhães (CDS-PP): — É o «pico Sócrates»!
O Sr. Primeiro-Ministro: — Estamos, nesta altura, com valores na taxa de juro a 10 anos que só podem
ser comparáveis com os resultados que obtivemos, nomeadamente, no dia 1 de junho de 2008. Assim sendo,
Sr. Deputado, se descontarmos a volatilidade que o mercado sempre tem, o que nos fica, no fim, é a
convicção de que o grande problema que tínhamos para resolver, em grande medida, está a ser resolvido.
Porém, acrescento, Sr. Deputado, que precisaremos de financiamento externo, como todos os países, para
que os portugueses possam viver com tranquilidade e para que não tenham de ver eternizar as restrições
sobre o sistema nacional de saúde, sobre a educação ou sobre a segurança social, que são as áreas de
impacto social mais relevantes.
Sem financiamento não há política social. Sem financiamento há resgate, como aconteceu em 2011.
O que estivemos a viver estes anos não é consequência das medidas para reduzir o nosso défice, é
consequência do elevado nível de endividamento e de défice que acumulámos nos anos anteriores.
O Sr. Nuno Magalhães (CDS-PP): — Muito bem!
O Sr. Primeiro-Ministro: — Sem políticas que os reduzissem não conseguiríamos obter financiamento e,
portanto, não teríamos nem salários nem pensões.
O que isto quer dizer, Sr. Deputado, é que a possibilidade de, no futuro, continuarmos a beneficiar do
crédito externo para financiar o nosso Estado social e tudo o mais que os portugueses decidam em eleições
livres, em função dos programas responsáveis que os governos ou os partidos lhe submeterem, depende em
grande medida da nossa determinação para manter, no futuro, a perspetiva de redução do défice e de
diminuição da nossa dívida.
Ora, aquilo que o Sr. Deputado António José Seguro ainda há pouco sugeria é exatamente o contrário. Se
tivéssemos seguido todas as sugestões que o Sr. Deputado António José Seguro fez ao País e ao Governo
desde finais de 2011, estaríamos, há muito tempo, a negociar um segundo resgate para Portugal,…
O Sr. António José Seguro (PS): — Não é verdade!
O Sr. Primeiro-Ministro: — … e não a preparar uma saída mais ou menos apoiada do programa de
assistência que temos.
Aplausos do PSD e do CDS-PP.
Sr. Presidente e Srs. Deputados, procuraremos mostrar, antes do fecho do nosso programa, a nossa
determinação em prosseguir esse caminho, porque é o único que salvaguarda os interesses dos portugueses.
Aplausos do PSD e do CDS-PP.
O Sr. Presidente (Guilherme Silva): — Para formular perguntas ao Sr. Primeiro-Ministro, tem a palavra o
Sr. Deputado Jerónimo de Sousa.
O Sr. Jerónimo de Sousa (PCP): — Sr. Presidente, Sr. Primeiro-Ministro, tem vindo a acentuar-se, nos
últimos tempos, uma linha de propaganda oficial sobre os sinais da retoma ou até — imagine-se! — do milagre
económico. Torcem-se e torturam-se as estatísticas até elas dizerem aquilo que queremos, publicam-se as