I SÉRIE — NÚMERO 38
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Vozes do PSD: — Bem lembrado!
O Sr. Luís Montenegro (PSD): — Mas, Sr. Primeiro-Ministro, diziam os arautos da desgraça que a
estratégia do Governo de cumprir a palavra dada, de recuperar o equilíbrio orçamental, de, naturalmente, ter
políticas austeras, e com isso assumir o efeito recessivo que, numa primeira hora, necessariamente teriam,
diziam os arautos da desgraça que essa estratégia iria conduzir o País a mais recessão, a mais austeridade,
iria conduzir o País para o abismo e, mesmo, para uma espiral recessiva.
Sr. Primeiro-Ministro, se há altura, dia, em que podemos comprovar o contrário, é precisamente o dia de
hoje. Estamos, como disse, a quatro meses de terminar o Programa, cumprimos 32 dos 36 meses do
Programa e a verdade é que,…
O Sr. António Filipe (PCP): — Está pior!
O Sr. Luís Montenegro (PSD): — … como sempre dissemos, o rigor orçamental, a contenção da despesa,
não sendo uma finalidade da governação, eram o pressuposto, e eram um pressuposto para que o País
pudesse arrancar um ciclo duradouro e sólido de crescimento económico e de recuperação de emprego.
Vozes do PSD: — Muito bem!
O Sr. Luís Montenegro (PSD): — De resto, Sr. Primeiro-Ministro, não é só por cá que se pensa assim,
como também em países onde nos quiseram dizer que a estratégia seria oposta, que porventura políticas
expansionistas, de estímulo ao investimento público, de contenção das necessidades de equilíbrio orçamental,
podiam trazer uma agenda de crescimento e que seria esse o caminho para conseguir o crescimento, como,
por exemplo, aconteceu em França. Todos nos recordaremos da campanha eleitoral que conduziu à vitória de
Presidente Hollande, na qual, enfim, o Partido Comunista Português e o Sr. Deputado António José Seguro
participaram. Todos nos diziam que viria aí uma outra estratégia que, essa sim, traria resultados.
Pois, Sr. Primeiro-Ministro, muito recentemente, o Presidente Hollande apresentou um plano — é bom dizer
e assumir isso — que visa o crescimento da economia e a recuperação do emprego, mas que assenta em três
pilares essenciais: no corte na despesa pública, na reforma do Estado e na reforma da segurança social, e,
dentro desta, acentuando a necessidade de reformar o sistema de pensões para garantir um bem maior, que é
a sua sustentabilidade!
O Sr. Carlos Abreu Amorim (PSD): – Vejam lá!
O Sr. Luís Montenegro (PSD): — Pois, Sr. Primeiro-Ministro, onde é que nós já ouvimos isto? O que é que
devemos, hoje, perguntar àqueles que criaram uma expetativa diferente? Já não estão inspirados no exemplo
francês do Presidente Hollande?
É que parece ter havido aqui um erro de cálculo. Efetivamente, parece que não foram o Presidente
Hollande e a França a inspirar a Europa e países em recuperação economia, como Portugal, mas parece que
foram Portugal e países que estão a recuperar economicamente a inspirar o desenvolvimento da França!
Aplausos do PSD e do CDS-PP.
Sr. Primeiro-Ministro, haverá e há razões seguras para podermos pensar que esta inspiração é benéfica,
porque, depois das dificuldades e dos sacrifícios que ainda sentimos, a verdade é que em Portugal temos uma
situação orçamental controlada.
O que diria a oposição se estivéssemos hoje com a expetativa de não cumprir a meta do défice, quando
estamos com a expetativa de ter um comportamento orçamental ainda melhor do que aquele que era o nosso
compromisso? E numa conjuntura onde não deixámos de ter necessidade de pagar dívidas. Já se falou de
saúde neste debate, Sr. Primeiro-Ministro. É verdade: no sector da saúde, foram pagos 1948 milhões de euros
de dívidas herdadas do passado.