I SÉRIE — NÚMERO 44
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Primeiro-Ministro me respondia? «Não, senhor! Nem pensar! A troica nunca deixará fazer uma coisa dessas!».
E dizia mais: «eu não permitirei, porque o que eu quero é reduzir a despesa do Estado».
O senhor conseguiu baixar o défice, ainda que pouco,…
O Sr. Hugo Lopes Soares (PSD): — Ainda que pouco?!…
O António José Seguro (PS): — … à custa de quê? De alguma redução da despesa do Estado? Sabe o
que é que o senhor fez? Foi à custa de cortes nos salários e à custa de cortes nas pensões e com o aumento
mais brutal de impostos na sociedade portuguesa. Aumento brutal de impostos!
Aplausos do PS.
Foi através de cortes nas pensões, cortes nos salários dos funcionários púbicos e com um aumento
enorme de impostos.
Mais: esta tem sido a regra do seu Governo, que é cortar antes e pensar depois. Lembra-se de 2011? Foi
quando o senhor cortou metade do subsídio de Natal a todos os trabalhadores portugueses. Para quê?
Verificou-se depois que não era necessário!
A Sr.a Presidente: — Queira terminar, Sr. Deputado.
O Sr. António José Seguro (PS): — A sua obsessão pelos cortes é fantástica. Aliás, recorda-se, e
também estava no Memorando inicial, quando o senhor dizia que se fazia um ajustamento dois terços do lado
da despesa e um terço do lado receita? Quando lhe propusemos que pudesse haver recurso a medidas
extraordinárias e pudesse haver antecipação de receitas, recorda-se qual foi a resposta do senhor e da troica?
Foi precisamente a mesma!
Por isso, fazer algum equilíbrio nas contas públicas e fazer alguma redução no défice não é nenhum feito
nem nada para os senhores embandeirarem em arco quando confrontados com uma coisa muito simples: o
maior aumento de impostos na nossa história — mais de 35%! —, um corte nas pensões e um corte nos
rendimentos dos trabalhadores.
Isso significa que o senhor pediu aos portugueses 4 € para equilibrar as contas públicas mas só utilizou 1
€, desperdiçando e destruindo 3 €, o que se nota na vida difícil dos portugueses, nos 200 000 portugueses que
emigraram, nos mais de 300 000 que perderam os seus empregos. É isso que se nota e é essa a
consequência da sua política, Sr. Primeiro-Ministro.
Aplausos do PS.
Protestos do Deputado do PSD Hugo Lopes Soares.
A Sr.a Presidente: — Para um pedido de esclarecimento, tem a palavra o Sr. Deputado Jerónimo de
Sousa.
O Sr. Jerónimo de Sousa (PCP): — Sr.a Presidente, Sr. Primeiro-Ministro, no anterior debate quinzenal,
verificámos o autocontentamento e o autoelogio com aquela fezada que têm de que, finalmente, estamos no
bom caminho, agora é que vai ser, incluindo com um milagre económico.
O Sr. Primeiro-Ministro, hoje, veio acenar com a proposta de parceria com vista à aplicação dos fundos
comunitários, sabendo o Sr. Primeiro-Ministro que já está tudo determinado pela Estratégia 2020 e pelo
impacto da redução do orçamento comunitário, com consequências, naturalmente, em relação à aplicação
desses fundos.
Falou aqui de um processo, que teremos tempo de discutir na especialidade, mas fez uma referência a
coisas que não deveríamos ter feito em relação à convergência. Quais eram as infraestruturas que não deviam
ter sido feitas, tendo em conta as suas preocupações?