I SÉRIE — NÚMERO 44
14
O Sr. João Oliveira (PCP): — E os cortes nos salários e pensões?!
O Sr. Primeiro-Ministro: — Mas, Sr. Deputado, aqueles que têm maiores rendimentos foram mais
afetados do que os outros. Por essa razão é que este ano, relativamente ao IRC, mantivemos taxas adicionais
para empresas que tiveram resultados acima da que é considerada a média no País.
Mas também mantivemos taxas de solidariedade para o último escalão do IRS e, de entre estes, para
cidadãos com rendimentos superiores a 250 000 euros/ano, o que significa que esses, que são os que têm
mais, tiveram uma taxa adicional de solidariedade que mais nenhum cidadão teve em Portugal, Sr. Deputado.
O Sr. João Oliveira (PCP): — Pois, mas os senhores cortaram 12,5% dos salários!
O Sr. Primeiro-Ministro: — Quem tem mais em Portugal, pagou mais, Sr. Deputado! E isso o senhor
nunca conseguirá apagar nas observações que vem fazendo sobre a distribuição dos sacrifícios.
O Sr. João Oliveira (PCP): — 12,5% nos salários!
O Sr. Primeiro-Ministro: — Pela primeira vez, em Portugal, houve um Governo que teve a coragem de
pedir àqueles que mais têm mais do que têm pago ao longo dos anos e mais do que a generalidade dos
portugueses têm pago.
Aplausos do PSD e do CDS-PP.
O Sr. Jerónimo de Sousa (PCP): — Por isso é que os 25 mais ricos aumentaram as suas fortunas!…
A Sr.ª Presidente: — O próximo pedido de esclarecimento cabe ao Bloco de Esquerda.
Para o efeito, tem a palavra a Sr.ª Deputada Catarina Martins.
A Sr.ª Catarina Martins (BE): — Sr.ª Presidente, Sr. Primeiro-Ministro, um Governo que destrói postos de
trabalho com salário digno, que condena boa parte do seu País à emigração, que só é capaz de criar
subemprego e estágios de duas horas semanais e que diz aqui que o País está no caminho desejado é um
Governo que tem um profundo desrespeito por quem vive do seu trabalho.
E esse profundo desrespeito vê-se em quem faz pagar todas as loucuras dos seus orçamentos.
Falou-se há pouco da ADSE. Maria Luís Albuquerque, Ministra das Finanças, disse em outubro de 2013
que, pela primeira vez nesse ano, a ADSE teria saldo positivo. Isso significa que o aumento da contribuição
para a ADSE de 2,5% para 3,5% em 2014 é mais um imposto sobre o rendimento do trabalho.
Sr. Primeiro-Ministro, para que serve o novo imposto da ADSE?
Aplausos do BE.
A Sr.ª Presidente: — Tem a palavra, Sr. Primeiro-Ministro.
O Sr. Primeiro-Ministro: — Sr.ª Presidente, Sr.ª Deputada Catarina Martins, quero garantir-lhe exatamente
o contrário daquilo que a Sr.ª Deputada afirmou: o Governo tem um profundo respeito pelos portugueses. E
espero que isso não seja uma contrariedade para o Bloco de Esquerda.
Quero também dizer que é verdade que a ADSE poderá registar este ano um excedente.
A Sr.ª Mariana Mortágua (BE): — Excedente não é autofinanciamento!
O Sr. Primeiro-Ministro: — Esse excedente é gerido pela própria ADSE e não deve ser visto numa base
anual.