I SÉRIE — NÚMERO 44
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A última nota que refiro sobre este relatório, que acabou de sair e que, para já, não permite uma análise
mais aprofundada, é a de que, mesmo em relação ao desemprego jovem, onde o Sr. Primeiro-Ministro disse, e
bem, que continuamos a ter um grande problema, há, ainda assim, um ligeiro decréscimo. Gostaríamos todos
que fosse mais acelerado, mas há um ligeiro decréscimo também no desemprego jovem.
Vozes do CDS-PP: — Muito bem!
O Sr. Nuno Magalhães (CDS-PP): — De resto, Sr. Primeiro-Ministro, parece-me que, de acordo com o que
já ouvimos, podemos concluir deste debate que, da parte da oposição, há uma tese; da parte da maioria, há
um caminho; e, da parte do Governo, há um desafio.
Qual é a tese da oposição, com mais ou menos adjetivos? É a de que há uma espécie de conspiração
internacional, diria que quase uma conspiração internacional e nacional, não contra o País, mas contra a
própria oposição.
Ao fim de 1004 dias, saímos da recessão técnica; tudo indica que cresceremos nos últimos três trimestres
de 2013; temos excedente externo pelo segundo trimestre consecutivo; o índice de confiança dos
consumidores atingiu, em janeiro, já este mês, valores máximos desde abril de 2010 (quase há quatro anos,
Sr. Primeiro-Ministro); as expectativas de diminuição do desemprego são — e cito-o — no sentido de haver
uma forte diminuição, como, de resto, o Eurostat confirmou hoje; as exportações crescem 4%; o turismo
cresce 8%; a confiança dos investidores estrangeiros na economia portuguesa cresceu e o País, que outrora
era visto como fonte de problemas, hoje é visto pelos investidores estrangeiros como atrativo para se investir;
as agências de notação, Sr. Primeiro-Ministro, melhoram as previsões para o nosso País, salientando — e
volto a citar — o crescimento económico, a baixa do desemprego e o facto de o défice ter ficado
significativamente abaixo da meta acordada; a produção industrial sobe 7,2%, em termos homólogos.
Perante esses dados, o que faz a oposição, Sr. Primeiro-Ministro? Regista? Salienta? Refere que há — e
há! — ainda muitos problemas para resolver? Diz que, ainda assim, havia outros caminhos alternativos,
apresentando metas, por exemplo, para a redução da despesa, de modo a atingir os nossos compromissos
internacionais? Não, Sr. Primeiro-Ministro, parece que lamenta! Diria, até, que há uma certa oposição,
nomeadamente a do maior partido, que, com estes números, passou da tese da espiral recessiva para uma
espécie de espiral depressiva.
Vozes do CDS-PP: — Muito bem!
O Sr. Nuno Magalhães (CDS-PP): — Isso não é entendível para a maioria dos portugueses. É que os
números que acabo de citar, Sr. Primeiro-Ministro, são do Eurostat, da OCDE, do BCE, da Comissão, do INE,
da UTAO, da Moody’s, da Standard & Poor’s, da Ernst & Young, do Financial Times, não são números do
Governo, não são números da maioria.
Parece que há uma conspiração internacional, que vai desde as agências de notação a órgãos
comunitários e até à imprensa internacional — claro está! —, contra a oposição!…
Portanto, entendo que o caminho que a maioria deve seguir é o de procurar salientar esses factos, encarar,
registar, sublinhar e denunciar até que subsistem dificuldades, reconhecer que ainda há muito para fazer, mas
que esses sinais precisam de ser protegidos e incentivados, nomeadamente para chegarem mais rapidamente
à economia real e à vida concreta dos portugueses.
Vozes do CDS-PP: — Muito bem!
O Sr. Nuno Magalhães (CDS-PP): — Por isso, Sr. Primeiro-Ministro, em nosso entender, o que importa é
terminar o Programa. E, neste contexto, gostaria de referir a reunião do Eurogrupo e do ECOFIN desta
semana para registar dois factos também aqui desmentidos, muitas vezes, pela oposição, apesar de o Sr.
Primeiro-Ministro ter dado garantias nesse mesmo sentido. Tantas vezes a oposição o desmentiu que vale a
pena recordar e pedir, já agora, ao Sr. Primeiro-Ministro, um comentário sobre as decisões do ECOFIN e do
Eurogrupo.