I SÉRIE — NÚMERO 45
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Aplausos de Os Verdes e do PCP.
A Sr.ª Presidente: — Muito obrigada, Sr.ª Deputada Heloísa Apolónia. Está, assim, concluída a primeira
declaração política da tarde, que coube a Os Verdes.
A segunda declaração política, do PSD, irá ser proferida pelo Sr. Deputado Nuno Encarnação.
Tem a palavra para o efeito, Sr. Deputado.
O Sr. Nuno Encarnação (PSD): — Sr.ª Presidente, Sr.as
e Srs. Deputados: Estamos a pouco mais de três
meses de ver chegar ao fim a mais dura das intervenções de resgate financeiro a que fomos sujeitos.
Desde o 25 de Abril, na nossa memória próxima, repetem-se as crises, as ilusões e os sofrimentos.
Afonso Costa dizia que a Monarquia havia caído porque gastara demais e cobrara de menos. A República,
a primeira e esta, continua nesta senda. Estranha maldição, dir-se-ia — a dívida, a geração da dívida
persegue-nos.
Não pode um País com poucos recursos viver sem dívida. O problema está na dimensão e na
sustentabilidade.
Dívida para quê? Certamente para gerar riqueza, para crescer e para garantir a possibilidade de a remir.
O último Governo do Partido Socialista duplicou a dívida e, gerando a necessidade do resgate, criou
condições para o seu contínuo crescimento até 2013: obras a mais, estradas sem automóveis, escolas com ar
condicionado sem haver dinheiro para o ligar, rendas excessivas, recurso ao crédito sem limite, défices de
empresas públicas sem controlo — Estado maior num País menor.
O Sr. João Oliveira (PCP): — E os senhores são responsáveis!
O Sr. Nuno Encarnação (PSD): — Quando isto acontece, o Estado alimenta-se do aumento da dívida, e
os portugueses, no nosso caso, não se apercebem de que virão, inevitavelmente, a ser chamados a pagar.
Que fazer, então? Retomar a moralidade da despesa pública, cortar nos excessos, adequar o dever ao
poder.
Impedir o progresso? Não, impedir o regresso!
Medir bem as consequências dos investimentos públicos, criar condições para a estabilidade do
investimento privado, fazer deste o motor principal, escolhendo bem as obras a fazer, promovendo o
entendimento dos partidos interessados na definição de prioridades.
Sensibiliza-nos, portanto, que o Partido Socialista se não tenha excluído deste trabalho.
Mas, percebido o que está para trás, continuamos a ter cinco desafios enormes para o País: o cumprimento
das metas orçamentais, o pagamento da dívida, a reforma do Estado, o crescimento da economia, a criação
de emprego.
Na resposta a estes desafios radica o sucesso ou o insucesso.
As metas orçamentais estão definidas num Tratado Orçamental ao qual o Partido Socialista deu o seu
acordo aqui, nesta mesma Casa. Nele nos comprometemos a reduzir a nossa dívida pública a 60% do PIB e a
colocar o nosso défice estrutural do País nos 0,5% do PIB.
É certo que o Dr. António Costa admitiu, em entrevista recente, que o último erro que os socialistas
cometeram foi o Tratado Orçamental.
Estranha reflexão esta do Dr. Costa: cumprir metas é um erro, desviarmo-nos delas, é sucesso garantido.
Pode o Partido Socialista conviver bem com 7000 milhões de euros gastos todos os anos em juros da
dívida? Nós não!
Pode o Partido Socialista não estar de acordo com os caminhos seguidos. Mas, então, onde estão os
outros, os da salvação, aqueles que certamente pensaram e estão prontos a desenvolver? O País espera-os
com impaciência.
A reforma do Estado não foge às preocupações do Partido Socialista. Custa-nos mais a perceber o que
querem, o que estão dispostos a fazer, onde querem mais Estado e onde querem menos Estado, onde vão
buscar o dinheiro para fazer mais e onde admitem poupar para fazer melhor.