6 DE FEVEREIRO DE 2014
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Continuar a gastar a mais não equilibra o défice, nem permite estancar a dívida, muito menos pagá-la ou
diminui-la.
É pouco, manifestamente pouco, abanar a cabeça contra as medidas do Governo na justiça, na educação
ou na saúde.
Aceitou, a muito custo, é certo, o Partido Socialista concordar com o programa da descida gradual de um
imposto como o IRC. Fez bem, pode contribuir para o crescimento da economia, pode mesmo atrair
investidores.
Contraditório com o que pensa o Sr. Deputado João Galamba ao afirmar, em entrevista recente, que
admite aumentar impostos em situação extrema? Não, por estranho que pareça, o Sr. Deputado João
Galamba ainda não intuiu que estamos nessa mesma situação extrema.
É menos compreensível que o Dr. António José Seguro pretenda ser agora o fiscal do perdão fiscal.
Foi esta uma medida extraordinária? Foi, e bem, mas as despesas realizadas durante o Governo anterior
não foram, também elas mesmo, medidas extraordinárias?
E vimos o Dr. Seguro nessa altura a fiscalizar as mesmas? De facto, não me recordo, Srs. Deputados.
O Sr. Luís Menezes (PSD): — Nós também não!
O Sr. Nuno Encarnação (PSD): — Pode o Partido Socialista defender o crescimento económico como
alternativa a todo e qualquer corte. Mas qual? O dos salvadores de 3% a 4%, que dificilmente atingiremos, ou
o da módica ordem de grandeza de menos de 1% que conseguiu, em média, na última década?
Perceberá agora o PS que o crescimento não se faz por decreto, nem tão pouco, apenas e só, à conta de
investimento público.
Na semana passada, o Dr. Francisco Louçã, saudoso líder, dizia que a esquerda é cobarde por não se unir
em atos eleitorais. Pelos vistos, é só isto que conta para o Dr. Louçã. E o papel de contribuir, enquanto
oposição, para soluções, de não se limitar à negação, não pode ser um desafio à cobardia?
Todos se recordam de como entrámos neste Programa de Assistência Financeira: cabisbaixos,
envergonhados e humilhados perante o exterior.
Os portugueses não mereciam tudo isto, mas são sempre eles que cá estão para salvar o País quando o
País deles necessita.
Eles foram, sem dúvida, as verdadeiras «formigas» que conseguiram inverter tão trágica situação.
Porém, uma «cigarra» fez-se comentador encartado, sobre o trabalho da «formiga», na televisão pública do
Estado.
O Sr. Luís Menezes (PSD): — Muito bem!
O Sr. Nuno Encarnação (PSD): — Quando o bom tempo regressa, a «cigarra» volta, e sempre depressa.
Com ou sem a cobardia da esquerda, uma coisa é certa: no próximo mês de maio, sairemos do Programa
de Assistência Financeira. Copiando os outros? Não, sairemos como nós próprios somos, com honra e de
cabeça erguida, com marcas de sofrimento, mas com o sentimento do dever cumprido.
Sairemos, apenas e só, à portuguesa!
Aplausos do PSD.
A Sr.ª Presidente: — A Mesa regista a inscrição, para pedidos de esclarecimento, dos Srs. Deputados
Pedro Filipe Soares, do BE, Jorge Machado, do PCP, Hélder Amaral, do CDS-PP, e João Galamba, do PS.
O Sr. Deputado Nuno Encarnação informou que pretende responder a cada dois Srs. Deputados.
Para pedir esclarecimentos, tem, pois, a palavra o Sr. Deputado Pedro Filipe Soares.
O Sr. Pedro Filipe Soares (BE): — Sr.ª Presidente, Sr. Deputado Nuno Encarnação, quase tenho de
começar por pedir-lhe desculpa, porque me parece que esta não foi uma declaração política, mas uma
declaração de namoro ao Partido Socialista. É certo que com os arrufos habituais, mas não há namoro sem
arrufos e, sobre isso, este bloco central é useiro e vezeiro em todas estas matérias — zanga-se numas coisas,