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I SÉRIE — NÚMERO 45

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Portanto, Sr. Deputado, qual é aqui a dimensão que falta para percebermos se a dívida é ou não

sustentável e se, de facto, o País está melhor do que estava? É uma coisa chamada capacidade de criação de

riqueza da economia portuguesa.

Ora muito bem, a capacidade de criação de riqueza depende de duas variáveis: do stock de capital da

economia e do stock de capital humano da economia. O que é que este Governo fez a estas duas variáveis?

O investimento caiu 30%, logo, concordará comigo que o stock de capital está pior. E nem com a recuperação,

muito ténue, que este Governo prevê para o próximo ano, de 1%, podemos inverter essa situação, porque o

valor de 1%, 2% ou 3% não permite repor, sequer, os níveis já muito baixos de stock de capital. Portanto, no

stock de capital estamos pior.

O Sr. Luís Meneses (PSD): — Então, qual é a varinha mágica?

O Sr. João Galamba (PS): — Vejamos agora o stock de capital humano. 200 000 portugueses, dos mais

qualificados, saíram para a emigração — logo, o stock de capital humano piora; desinvestimento na educação

e na qualificação — aqui o stock de capital humano também piora; e um desemprego de longa duração como

nunca tínhamos visto em Portugal — neste caso, o stock de capital humano também piora.

A Sr.ª Presidente: — Queira terminar. Sr. Deputado.

O Sr. João Galamba (PS): — A pergunta que lhe faço, Sr. Deputado, é esta: em que é que fundamenta as

suas afirmações de que estamos muito melhor do que estávamos em 2011? Nos juros não é; no stock da

dívida não é, porque que ela é muito maior; e na capacidade de crescimento da economia portuguesa também

não é, porque, pelas razões que aqui lhe indiquei, ela piora em tudo.

A Sr.ª Presidente: — Queira terminar. Sr. Deputado.

O Sr. João Galamba (PS): — Já agora, para terminar, Sr. Deputado, não sei se sabe, mas a Comissão

Europeia diz que a capacidade potencial de geração de riqueza da economia portuguesa caiu ao longo dos

três anos deste Governo. Caiu de forma consistente.

Portanto, Sr. Deputado, não há razões para festejar, e eu desafio-o a demonstrar em que medida é que

estamos melhor.

A Sr.ª Presidente: — Queira terminar, Sr. Deputado. Já ultrapassou os 4 minutos.

O Sr. João Galamba (PS): — Sr. ª Presidente, é só mais um segundo, porque o Sr. Deputado referiu o

meu nome, a propósito de uma entrevista, e eu queria corrigi-lo.

Nessa entrevista, não digo que defendo uma subida de impostos. O que eu digo é que, se tivesse de

escolher, ao contrário deste Governo, que subiu impostos e cortou na despesa, e embora discorde das duas

— digo-o e reafirmo-o aqui —, escolheria aumento de impostos, que é menos mau do que corte na despesa.

Protestos do PSD e do CDS-PP.

Penso que a experiência dos últimos dois anos já demonstrou que podiam, pelo menos, ter evitado o

choque frontal com a Constituição portuguesa e a ilegalidade, que tem sido a marca deste Governo.

Aplausos do PS.

A Sr.ª Presidente: — Srs. Deputados, têm de respeitar os tempos. Isso é referido, a toda a hora, nas

Conferências de Líderes. Pedia-lhes que seguissem essas nossas comuns diretivas.

Tem a palavra o Sr. Deputado Nuno Encarnação, para responder.