6 DE FEVEREIRO DE 2014
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O Sr. João Oliveira (PCP): — Exatamente!
O Sr. Jorge Machado (PCP): — Mais: os dados são reveladores. Não é só o número do desemprego que
não para de aumentar, mas é também a qualidade do emprego, porque os salários estão a cair, porque o
trabalho a tempo parcial aumenta em substituição do trabalho a tempo inteiro e porque o trabalho precário não
para de aumentar em substituição do trabalho com direitos.
Nessa medida, nós questionamos: como é possível falar de recuperação do País se, enquanto se tem este
discurso, se está, ao mesmo tempo, a discutir, em comissão parlamentar, a lei geral do trabalho em funções
públicas, que é mais um rude golpe aos direitos dos trabalhadores da Administração Pública?
Como é possível falar em recuperação do País se o Orçamento do Estado para 2014 mantém o roubo nas
reformas e nos salários dos trabalhadores e dos reformados do nosso País?
Como é possível falar de recuperação económica quando o País enfrenta o pior agravamento, desde o 25
de Abril, da fome e da miséria, a nível nacional?
O Sr. João Oliveira (PCP): — Exatamente!
O Sr. Jorge Machado (PCP): — Como é possível falar de recuperação do nosso País, tendo em conta que
há cada vez mais pessoas — reformados, crianças e jovens são as principais vítimas — a passarem fome e
estando a pobreza a aumentar de uma forma significativa? Isso é que é verdadeiramente ilustrativo. Fala-se
de recuperação económica «para inglês ver», quando a realidade demonstra, precisamente, o contrário.
E mais: já em pleno discurso dos sinais positivos e de recuperação económica, o que nos traz o Orçamento
retificativo? Mais do mesmo, mais cortes nos reformados, mais cortes nos direitos dos trabalhadores.
Portanto, as críticas ao Partido Socialista em parte são justas, mas não têm legitimidade para as fazer,
porque, entre um e outro, venha o Diabo e escolha e porque, efetivamente, nas grandes opções políticas e nas
grandes questões centrais do nosso País, que são o emprego com direitos, os salários e o respeito pelos
direitos dos reformados, há continuidade nas políticas do PS e do PSD e do CDS-PP, que é a de atacar estes
para manter os privilégios do costume.
Não é de estranhar que — e espero que o tenha também em consideração na resposta —, ao mesmo
tempo que atacam os salários e as reformas, os índices indicadores de pobreza não param de aumentar, as
grandes fortunas não param de aumentar no nosso País, em plena governação PSD/CDS-PP.
Aplausos do PCP.
A Sr.ª Presidente: — Para responder, tem a palavra o Sr. Deputado Nuno Encarnação.
O Sr. Nuno Encarnação (PSD): — Sr.ª Presidente, Sr. Deputado Pedro Filipe Soares, muito obrigado
pelas questões que me colocou.
Desde já lhe digo que não estou aqui para namorar ninguém!
O Sr. Pedro Filipe Soares (BE): — Mas parecia!
O Sr. Nuno Encarnação (PSD): — Isso, talvez, só no dia de S. Valentim, que acho que não é hoje.
Sr. Deputado, a matéria que nos traz aqui é séria e o nosso conceito de democracia também parte do
princípio de que é possível acolher propostas de outros partidos. Chama a isso namoro, mas pode chamar o
que quiser que eu chamo-lhe democracia, na plena aceção da palavra.
O Sr. Luís Menezes (PSD): — Muito bem!
O Sr. Nuno Encarnação (PSD): — E digo-lhe mais, Sr. Deputado: não tenho nenhum problema em ter
boas propostas de outras bancadas parlamentares, mesmo da sua — gostava muito que as apresentasse
aqui, neste debate parlamentar.