I SÉRIE — NÚMERO 45
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Aplausos do PCP.
A Sr.ª Presidente: — Para pedir esclarecimentos, tem a palavra a Sr.ª Deputada Mariana Aiveca.
A Sr.ª Mariana Aiveca (BE): — Sr.ª Presidente, Sr. Deputado Artur Rêgo, trouxe-nos os dados do
desemprego e eu ouvi, num aparte, «quem fala assim não é gago».
Sr. Deputado, quero dizer-lhe que só pode haver muita gaguez no vosso discurso porque, efetivamente, há
muitas coisas que os senhores não dizem e que fazem parte das estatísticas de que hoje tivemos
conhecimento.
Primeira questão: é ou não verdade, confirma ou não, que a população ativa continua a diminuir, tendo
diminuído neste trimestre, comparativamente com o trimestre homólogo de 2012, 1,2%? Isto quer dizer que 66
800 pessoas deixaram de trabalhar, ou seja, a população ativa diminuiu.
Segunda questão: é ou não verdade que os contratos a prazo registam, também numa comparação
homóloga, uma autêntica explosão? Aumentaram 8,5%. Ou seja, há mais 50 000 pessoas com contratos a
prazo, o dobro do que existia relativamente ao período homólogo.
Não falarei nos contratos ainda mais precários do que os contratos a prazo, porque esses, então, têm uma
subida exponencial. Ou seja, a qualidade do emprego é a pura precariedade.
Também no subemprego se regista um aumento exponencial. Se tivermos em atenção — e nós estamos a
falar neste momento do último trimestre de 2013 — o percurso do ano passado em termos de emprego,
verificamos que entre o primeiro e o terceiro trimestres de 2013 sobe o número de pessoas que trabalham de
1 a 10 horas por semana; em todas as outras cargas horárias — de 11 a 30 horas, de 31 a 35 horas e de 35 a
40 horas — há uma descida. Ou seja: destruição de emprego!
A Sr.ª Mariana Mortágua (BE): — Exatamente!
A Sr.ª Mariana Aiveca (BE): — Esta é que é a verdade!
Outro aspeto que temos também de ter em linha de conta — e é um aspeto que o Sr. Deputado ofuscou na
intervenção que fez — diz respeito aos dados da emigração. As pessoas que constam desses dados são, por
sinal, a geração mais qualificada e é uma geração que está a abandonar o País mês após mês, dia após dia,
porque, de facto, não vê qualquer tipo de esperança com o Governo que os senhores sustentam.
A Sr.ª Presidente: — Queira terminar, Sr.ª Deputada.
A Sr.ª Mariana Aiveca (BE): — Por isso mesmo, o problema do desemprego só se resolve com a mudança
deste Governo!
Aplausos do BE.
A Sr.ª Presidente: — Para pedir esclarecimentos, tem a palavra o Sr. Deputado Adão Silva.
O Sr. Adão Silva (PSD): — Sr.ª Presidente, Sr. Deputado Artur Rêgo, antes de mais, gostaria de sublinhar
a pertinência da intervenção de V. Ex.ª sobre as questões do emprego e do desemprego em Portugal
registadas pelo Instituto Nacional de Estatística.
De facto, falar das questões do emprego e do desemprego é absolutamente crucial em qualquer
democracia, seja em Portugal ou em qualquer parte do mundo. Por isso, como V. Ex.ª, aliás, fez, devemos
estar a celebrar estas notícias que hoje nos chegam por via do Instituto Nacional de Estatística. Assim,
estamos com V. Ex.ª nesta celebração.
No entanto, se me permite uma breve abordagem ao que está a acontecer neste debate, obviamente que
compreendemos muito bem as proclamações do PCP e do Bloco de Esquerda nesta dialética obstinada e
tremendista. Com VV. Ex.as
, dê por onde der, as coisas são sempre mal e cada vez pior!
Protestos do BE.