I SÉRIE — NÚMERO 47
36
Da nossa parte, não temos dúvidas: o único caminho que serve os interesses de Portugal e dos
portugueses é o da valorização do trabalho e dos trabalhadores, o da devolução dos salários, pensões e
prestações socais, o do reforço das funções sociais do Estado e dos serviços públicos e o do progresso
económico e social, que só será possível com uma política alternativa, patriótica e de esquerda.
Aplausos do PCP.
A Sr.ª Presidente: — Para apresentar a proposta do Bloco de Esquerda, tem a palavra o Sr. Deputado
Pedro Filipe Soares.
O Sr. Pedro Filipe Soares (BE): — Sr.ª Presidente, Sr.as
e Srs. Deputados: No debate que tivemos aqui,
naquele que foi o «milagre» de no dia 9 de janeiro ter sido apresentado um Orçamento retificativo ao
Orçamento do Estado de 2014 — e nove dias bastaram para que o Tribunal Constitucional demonstrasse à
maioria que há uma Constituição da República Portuguesa que rege a governação e que a governação não
manda mais do que a Constituição —, pudemos tirar uma conclusão que é direta: não havia necessidade
nenhuma de, novamente, cortar quer nos salários, quer nas pensões com a CES ou com o aumento da
contribuição para a ADSE. Não havia necessidade!
Bastava, por exemplo, que o Governo tivesse feito a mesma escolha que fez no ano passado, ou seja, que
tivesse utilizado a dotação provisional. Bastava só isso e não precisávamos de mais sacrifícios para termos o
mesmo equilíbrio orçamental que estava no Orçamento do Estado para 2014.
Mas, entenda-se, o Governo já foi avisado uma vez que o Orçamento do Estado para 2014 mantém
inconstitucionalidades e, depois de avisado, insiste que quer ir por diante com estas medidas.
O que o Bloco de Esquerda fez foi dar uma segunda oportunidade à maioria. Dissemos que não era
inevitável cortar nos salários, mas, mais do que isso, damos, agora, oportunidade à maioria para retirar do
Orçamento do Estado para 2014 as inconstitucionalidades visíveis e que já incluímos no nosso pedido de
fiscalização sucessiva.
Vozes do BE: — Muito bem!
O Sr. Pedro Filipe Soares (BE): — Antes que seja tarde, a maioria tem agora a possibilidade de eliminar
estas inconstitucionalidades do Orçamento do Estado para 2014. Não poderão, depois, dizer que não foram
avisados nem que não poderiam tê-lo feito. Esta é a possibilidade de eliminar o corte nos salários, de eliminar
a contribuição extraordinária de solidariedade, de eliminar aquele que é o ataque às pensões de
sobrevivência, no fundo, retirar todas as visíveis inconstitucionalidades.
Está na mão da maioria e, da nossa parte, esta é a segunda oportunidade que damos à maioria. Mas não
façam como na primeira, não a desperdicem, porque já sabemos que, depois, andarão sempre a correr atrás
das decisões do Tribunal Constitucional.
Aplausos do BE.
A Sr.ª Presidente: — A próxima intervenção é do CDS-PP.
Tem a palavra a Sr.ª Deputada Cecília Meireles.
A Sr.ª Cecília Meireles (CDS-PP): — Sr.ª Presidente, Sr.as
e Srs. Deputados: É sabido que este
Orçamento retificativo não corresponde à nossa primeira opção e, certamente, que não é um Orçamento
retificativo fácil. Todos nós preferiríamos estar aqui a discutir outras propostas mais fáceis, diria até, mais
demagógicas e mais populistas.
Mas nós não estamos aqui para fazer aquilo que é agradável ou aquilo que é fácil; estamos aqui para fazer
aquilo que é preciso…
O Sr. João Oliveira (PCP): — Cortar salários e pensões!