20 DE FEVEREIRO DE 2014
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Enfrentamos, hoje, realidades demográficas muito preocupantes. O apoio à natalidade e ao
envelhecimento ativo vão, assim, marcar também a agenda do próximo quadro de programação.
Um segundo aspeto decisivo do Portugal 2020 tem a ver com a aposta no desenvolvimento e coesão
territorial.
Vale a pena sublinhar que nenhum programa foi tão pouco centralista como aquele que vamos começar.
Iremos descentralizar, mas com responsabilização e avaliação.
O Portugal 2020 irá concentrar apoios nas regiões menos desenvolvidas do País, as chamadas regiões da
convergência. Refiro-me às regiões Norte, Centro, Alentejo e Açores.
Assim, estas quatro regiões devem receber 93% do envelope financeiro atribuído a Portugal no âmbito dos
fundos de coesão. Mas também dentro destas regiões existem fortes assimetrias e o Portugal 2020 tem em
preparação mecanismos para reconhecer que essas diferentes realidades infrarregionais também devem ser
tratadas de forma diferente.
As regiões desenvolvidas de Lisboa e da Madeira, a par com a do Algarve, em transição, vão receber os
restantes 7%.
Se considerarmos apenas os Programas Operacionais Regionais, a região Norte e a região Centro veem
acrescidas as suas verbas em 25% e o Alentejo em 42%.
Uma parcela muito importante do aumento das verbas dos programas regionais é explicada pela integração
do Fundo Social Europeu (FSE) e faz todo o sentido que assim seja. Algumas das ações financiáveis pelo FSE
são muito sensíveis às realidades concretas do território e é natural que sejam decididas e executadas ao
nível das regiões.
De resto, a aproximação entre as estruturas de governação dos fundos e o território tem expressão no facto
de os Programas Operacionais Temáticos receberem menos 16% de verbas do que no quadro anterior. Em
contrapartida, os Programas Operacionais Regionais recebem mais 37%, isto é, recebem mais 2100 milhões
de euros do que no QREN.
Que não restem dúvidas: o território e as regiões menos desenvolvidas são o foco do próximo quadro de
programação. Aliás, não podia ser de outra forma, também tendo em conta a importância que atribuímos à
competitividade. Pensamos que não há competitividade resistente às pressões da globalização sem uma
aposta na valorização do território, na valorização do que temos de único.
É, pois, da associação entre território e conhecimento que resultará uma competitividade sustentável.
Se é verdade que o território precisa de mais economia para se desenvolver, não é menos verdade que a
economia precisa do território valorizado para se afirmar num mundo global.
Falei da competitividade, falei do território e da descentralização, como traços fundamentais do próximo
quadro de programação, mas gostava de acrescentar um terceiro vetor, uma nova filosofia de governação dos
fundos e, em particular, a prioridade aos resultados.
Sobram, de anteriores quadros de programação, muitas vezes, efeitos dececionantes: fragmentámos
recursos; nem sempre fomos claros na delimitação de objetivos; nem sempre fomos devidamente seletivos e
criteriosos; por vezes, concentrámo-nos mais nas taxas de execução e menos nos efeitos sobre a economia e
o bem-estar.
Aprendemos com os erros e vamos mudar. Não podemos falhar! Tenho dito que, no Portugal 2020, o
financiamento vai ser atribuído em função dos resultados: não vamos financiar projetos, vamos contratualizar
resultados. No domínio da formação, por exemplo, queremos financiar empregabilidade e não programas ou
número de formandos.
Quero dizer, a terminar, que fomos o quarto país europeu a submeter uma proposta de acordo de parceira
à Comissão Europeia. Fizemos o trabalho de casa a tempo e horas, e fizemo-lo com o País. Nunca um acordo
de parceria foi assente numa tão vasta participação. Ouvimos o País. Ouvimos o País e vamos continuar a
ouvir, porque o acordo de parceira foi uma primeira fase.
Entrámos, entretanto, na fase seguinte: a preparação dos programas operacionais, temáticos e regionais.
Vamos continuar a ouvir intensamente todas a regiões, todas as comunidades intermunicipais e áreas
metropolitanas e vamos continuar a ouvir os parceiros sociais e todas as forças políticas.
Temos um objetivo ambicioso: estar entre os primeiros Estados membros a atribuir financiamentos no
âmbito deste quadro comunitário. Tudo fizemos para ter a possibilidade de o fazer ainda este ano. Do nosso
lado, estaremos em condições de assim o fazer, desde que a União Europeia disponibilize verbas já este ano.