I SÉRIE — NÚMERO 51
6
Não sendo um documento do Partido Socialista — é, naturalmente, um documento do Governo —, fica
claro que nos revemos no diagnóstico que é feito sobre a economia e na estratégia, que, aliás, vem de trás,
mas também já ficou clara a divergência que temos em relação à prática do Governo, que em nada condiz
com o documento que agora nos apresenta. Do que gostávamos era que a prática fosse consequência daquilo
que o Sr. Ministro nos diz e que apresenta nos documentos.
Também já referimos que gostávamos de ter tido mais informação. Aliás, na semana passada, dissemos ao
Sr. Ministro, em sede de comissão, que gostávamos de continuar a ter mais informação, porque entendemos
que essa informação nos permitirá continuar a formular opiniões que podem permitir contributos positivos não
só para os documentos mas também para o processo de gestão e implementação do futuro quadro
comunitário.
Por isso, Sr. Ministro, quero deixar-lhe três perguntas muito simples, a primeira das quais vai no sentido de
saber se nos pode fazer um ponto da situação atualizado sobre o banco de fomento, face a notícias recentes
que sinalizavam algumas dúvidas da União Europeia quanto a este processo. Trata-se de um banco de
fomento que propusemos há muito tempo, pela voz do Secretário-Geral do Partido Socialista, António José
Seguro, e ainda bem que o Governo tem adotado este caminho.
Uma segunda pergunta tem a ver com um dos dois anexos a este acordo de parceria, o referente às
infraestruturas de elevado valor acrescentado. Para continuar a formular opiniões que permitam valorizar estes
documentos e este processo, gostávamos que o Governo nos pudesse dar informações sobre os estudos de
custo/benefício, sobre os estudos de impacte ambiental, sobre as identificações das diferentes regras de
compatibilidade orçamental de cada um dos projetos e também sobre as análises que têm ao nível do
crescimento económico e do emprego. Consideramos importante e relevante que o Sr. Ministro nos possa
dizer se, em nome do Governo, nos vai dar acesso a estes documentos.
Termino com uma outra pergunta, também a este nível, que é esta: vamos ficar por propostas de
investimentos, públicos ou privados, apenas e só nestas áreas que o Governo colocou em debate público ou o
Governo ainda vai colocar em discussão pública outros documentos relativos a outras áreas que, do nosso
ponto de vista, também necessitam desse investimento?
Sr. Ministro, precisamos dessa informação para que possa existir um verdadeiro diálogo, com
compromissos e consequências que permitam melhorar as propostas, e não, apenas e só, um mito de diálogo.
Aplausos do PS.
A Sr.ª Presidente: — Para pedir esclarecimentos, tem, agora, a palavra a Sr.ª Deputada Mariana
Mortágua.
A Sr.ª Mariana Mortágua (BE): — Sr.ª Presidente, Sr. Ministro Adjunto e do Desenvolvimento Regional,
sabemos que os fundos comunitários servem para lidar com problemas estruturais da economia e penso que
concordamos que há dois problemas estruturais que são importantes: um é o das qualificações — Portugal
tem um défice de qualificações —, o outro é o desemprego estrutural, que aumentou muito nos últimos anos,
desde que o Governo entrou em funções.
É exatamente no âmbito desses dois temas que quero confrontar o Sr. Ministro com uma disparidade entre
aquilo que vem neste acordo e aquela que é a prática e a realidade do Governo.
Em primeiro lugar, as qualificações. Sabemos que há um défice que é preciso colmatar, mas há uma
contradição no discurso. É que, quando comparamos as duas linhas do QREN para qualificações com o seu
equivalente neste novo acordo, reparamos que há menos 4200 milhões de euros para qualificações, entre o
objetivo de investigação e desenvolvimento, o objetivo de ensino e os equiparáveis, no antigo quadro
comunitário.
O Sr. Ministro vai dizer-me: «Bom, mas esses 4200 milhões justificam-se, porque houve um investimento
em infraestruturas e parque escolar que, agora, já não é necessário». Ora, fui verificar e respondo ao Sr.
Ministro o seguinte: segundo o Observatório do QREN, o total de investimento em infraestruturas escolares foi
de 2000 milhões, o que quer dizer que continuam a faltar mais de 2000 milhões em qualificações,
relativamente ao anterior quadro comunitário.