I SÉRIE — NÚMERO 51
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O Governo diz ainda que pretende potenciar as PME, mas, depois, afirma que pretende favorecer as
empresas exportadoras. Ora, esse critério vai certamente afastar muitas pequenas e médias empresas, que
representam 95% do tecido empresarial português, que vivem sobretudo para o mercado interno.
Mesmo assim, o Governo continua a dizer que 6,2 mil milhões estão garantidos para as PME. Então, seria
oportuno que nos falasse das medidas ou opções estratégicas que o Governo pretende tomar para garantir o
acesso das pequenas e médias empresas aos fundos.
No acordo de parceria é referido que os custos monetários das candidaturas vão baixar e gostaria que nos
dissesse de que valores estamos a falar, isto é, se o Sr. Ministro está em condições de nos dizer, em termos
médios, qual é o valor dessa redução.
Por fim, o Sr. Ministro disse que vai pôr o enfoque no resultado. De facto, acho que era necessário fazer
alguma coisa para se evitar aquilo que aconteceu, por exemplo, com a Tecnoforma — todos sabem o que se
passou. Porém, o Sr. Ministro falou de resultados mas não falou de critérios e gostaria que o Sr. Ministro nos
referisse quais são os critérios que levam a esse tal resultado.
A Sr.ª Presidente: — Tem a palavra o Sr. Deputado Pedro do Ó Ramos.
O Sr. Pedro do Ó Ramos (PSD): — Sr.ª Presidente, Sr. Ministro Adjunto e do Desenvolvimento Regional,
os fundos para a agricultura e para a pesca representam mais de 1/4 dos fundos estruturais. Eles são
realmente muito importantes quando temos um novo quadro comunitário em que o principal foco é a produção
de bens e serviços transacionáveis.
A agricultura e as pescas têm cumprido o seu papel, ou seja, Portugal tem produzido muitos bens, com
muita capacidade, não só para consumo interno mas sobretudo para consumo externo — vejam-se os casos
do vinho e do azeite.
De facto, existe um crescimento muito acentuado das nossas exportações ao nível do setor agroalimentar,
que deve continuar. Temos exportado cada vez mais, mas temos de exportar ainda mais no setor
agroalimentar.
Mas existe um desafio enorme para este Governo, que é sobretudo incorporar valor, trazer inovação para
os nossos produtos, ou seja, ter produtos com maior valor acrescentado. E para isso é muito importante que
as nossas politicas públicas vão efetivamente no sentido de trazer esse mesmo acrescento de valor,
precisamente promovendo parcerias entre investigadores e produtores para que isso seja uma realidade,
Depois, essas políticas públicas são também determinantes para que os nossos centros de distribuição e
de transformação sejam uma realidade, para que possamos diminuir custos de contexto, que são muito
elevados. E esta capacidade de adotarmos políticas dirigidas essencialmente para esta competitividade e para
esta facilitação aos nossos empresários é determinante para que os nossos empresários tenham cada vez
mais sucesso, quer interna quer externamente.
Sr. Ministro, gostava de colocar-lhe duas questões, sendo que uma delas tem que ver com a delimitação
dos fundos.
Uma das muitas críticas feitas ao QREN tinha a ver com a enorme delimitação que existia entre fundos,
entre os fundo gerais para investimento e infraestruturas e os fundos para a agricultura e para as pescas. De
facto, muitas vezes, isso foi um óbice para muita da ação concertada que deveria existir entre setores.
Por isso, pergunto-lhe o que é que vai mudar relativamente a esta nova Estratégia Europa 2020. Ou seja, o
que é que está previsto neste acordo de parceria para evitar efetivamente essa delimitação, de modo a que
exista cada vez mais uma estrutura integrada entre estes fundos para que, por um lado, os atores, os agentes
económicos possam beneficiar com isso e, por outro, os cidadãos tenham acesso de uma forma muito mais
capaz a esses mesmos fundos. Ter essa capacidade integradora, proceder a essa integração dos fundos, é
fundamental para o sucesso da economia portuguesa.
Aplausos do PSD e do CDS-PP.
A Sr.ª Presidente: — Srs. Deputados, ao que parece, os Membros do Governo deram nota à Mesa de que
havia um ruído na sala que não lhes permitia uma audição clara dos Deputados.
Tem agora a palavra o Sr. Deputado Jorge Machado.