20 DE FEVEREIRO DE 2014
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compreender e os seus agentes políticos, certamente, não poderão ficar indiferentes à continuação dessa
enorme injustiça.
Aplausos do PSD e do CDS-PP.
A Sr.ª Presidente: — Para pedir esclarecimentos, tem a palavra o Sr. Deputado Bruno Dias.
O Sr. Bruno Dias (PCP): — Sr.ª Presidente, Sr. Ministro Poiares Maduro, a sua intervenção poderia levar
os mais incautos à convicção feérica e deslumbrada de que, agora, sim, finalmente, e ao cabo de todos estes
anos, os milhões da Europa vão acertar no sítio certo. E apresentou um acordo de parceria para um quadro
que designam de 20/20, mas que se poderá chamar 2020 (nós também não estamos no ano de 20/14, por
exemplo, estamos no ano de 2014), o qual apresenta uma enciclopédia cheia de palavras da modernidade.
Vêm falar da resiliência, das parcerias, da sociedade civil, do empreendedorismo, da especialização
inteligente, do benchmarking e do benchlearning para, no essencial, ficar tudo nas mesmas opções.
Portanto, aquilo que temos perante nós é um acordo de parceria e uma política de definição e gestão dos
fundos comunitários que carrega nas tintas das políticas neoliberais que têm vindo a ser seguidas. Não há
aqui mudança de fundo, é mais do mesmo, carregando no acelerador em relação às opções. Aquilo que temos
é, pois, um programa de apoio financeiro destinado não a garantir uma política de coesão social, económica e
territorial, como é anunciado, mas o aprofundamento da liberalização económica e social, a privatização de
serviços de interesse geral e estruturas produtivas estratégicas e, ainda, a intensificação da criação da política
do Estado mínimo.
Há questões concretas que já temos vindo a colocar, às quais o Governo não responde cabalmente ou,
sequer, com uma única palavra.
Em relação às micro, pequenas e médias empresas, as empresas que são vocacionadas e desenvolvem a
sua atividade para o mercado interno, para a procura interna, para a realidade nacional, que é a grande
maioria do tecido empresarial português, o que podem esperar deste programa e deste acordo de parceria?
Estas empresas, nomeadamente as micro e pequenas empresas que estão ao abrigo do regime simplificado,
afinal, estão ou não arredadas dos fundos comunitários, com o pretexto dos auxílios de Estado que a União
Europeia atribui, em termos de estatuto, a este tipo de regime fiscal?
O Sr. João Oliveira (PCP): — Bem lembrado!
O Sr. Bruno Dias (PCP): — Sr. Ministro, continua com a ideia de que o nosso País já passou o ciclo das
infraestruturas e dos investimentos, conforme está na propaganda da Comissão Europeia e do Governo?
Tivemos agora as nossas jornadas parlamentares no distrito de Setúbal. Pergunto ao Sr. Ministro se sabe a
situação em que se encontra o Hospital Garcia de Orta e se continua a dizer que já passou a necessidade de
hospitais.
Continua também a entender que já passou a necessidade de investimento em instituições de ensino
superior e secundário?
É esta a política de desmantelamento do Estado e das funções sociais do Estado que o Governo tem para
apresentar? É esta a política de instrumento de apoio ao capitalismo monopolista de Estado que o Governo
tem para apresentar, com este acordo de parceria, Sr. Ministro?!
Aplausos do PCP.
A Sr.ª Presidente: — Também para pedir esclarecimentos, tem a palavra o Sr. Deputado Rui Paulo
Figueiredo.
O Sr. Rui Paulo Figueiredo (PS): — Sr.ª Presidente, Sr. Ministro Adjunto e do Desenvolvimento Regional,
o Partido Socialista deu contributos que, no nosso entender, permitiram melhorar os documentos que
constituem o acordo de parceria.