27 DE FEVEREIRO DE 2014
23
Há outras questões importantes que vamos ter de resolver, como, por exemplo, saber se estes
profissionais terão ou não direito a prescrever medicamentos. Esta é uma matéria ainda controversa. Ouvimos
a Associação Portuguesa de Podologia, que tem uma posição clara quanto a este assunto, a qual é
contraditória com a posição assumida pela Ordem dos Médicos. São, pois, interesses conflituantes que aqui
temos presente neste momento e que teremos de dirimir na especialidade.
Protestos da Deputada do CDS-PP Teresa Caeiro.
Não estou a dizer que estamos a favor da possibilidade de prescrição total dos medicamentos, não foi isso
que eu disse. O que eu disse foi que temos presente interesses conflituantes que importa dirimir e nesta
proposta não ficam completamente esclarecidos.
De todo o modo, entendemos que a proposta em discussão, na sequência das recomendações que os
vários partidos fizeram — o Partido Socialista também já tinha questionado o Governo — , é uma base de
trabalho que consideramos razoável para poder continuar a trabalhar e para, em sede de especialidade,
podermos, finalmente, aprovar um diploma que acautele estes interesses e a saúde pública, que também está
em causa neste momento.
Aplausos do PS.
O Sr. Presidente (Guilherme Silva): — Para uma intervenção, tem a palavra a Sr.ª Deputada Mariana
Aiveca.
A Sr.ª Mariana Aiveca (BE): — Sr. Presidente, Sr.as
e Srs. Deputados: As minhas primeiras palavras são
para saudar a Associação Portuguesa de Podologia e todos os profissionais aqui presentes e também todos
os futuros profissionais aqui presentes.
Sr. Secretário de Estado, creio que é o Governo que está atrasado em relação a esta temática. Isto porque
já em 2010 discutimos um projeto de resolução que deu origem a uma recomendação da Assembleia da
República, em janeiro de 2011, e que ia no sentido da regulamentação desta profissão.
Os argumentos estão à vista de todos: é uma profissão de grande importância e que cada vez mais
assume mais importância no tratamento das patologias que todos conhecemos, nomeadamente o «pé
diabético», entre outras.
Já em 2012, todos os partidos políticos, atentos à recomendação de 2011, voltaram a apresentar projetos
de resolução no sentido de aconselhar o Governo a regulamentar esta profissão.
Por isso, Sr. Secretário de Estado, há um atraso objetivo e responsabilidades do Governo perante estes
profissionais.
Contudo, aqui chegados, estamos hoje a discutir uma proposta de lei que vai no sentido da
regulamentação desta profissão. Creio, aliás, que a proposta de lei só existe, como tantas outras que se
encaminham para a regulamentação das profissões, para, infelizmente — e só por isso! —, o Governo
demonstrar trabalho à troica.
A Sr.ª Conceição Bessa Ruão (PSD): — Não é verdade!
A Sr.ª Mariana Aiveca (BE): — O Governo vem agora, a correr, regulamentar uma série de profissões por
exigência da troica, e no caso dos podologistas já devia ter feita.
Protestos da Deputada do PSD Conceição Bessa Ruão.
Mas, Sr. Secretário de Estado, debruçando-me sobre a proposta, parece-nos, grosso modo, que ela
cumpre os objetivos destes profissionais e, portanto, no global, é bem-vinda. No entanto, como já aqui foi dito,
há uma série de matérias que, em sede de especialidade, terão de ser bastante acauteladas.
Em primeiro lugar, a consideração se queremos que estes profissionais sejam apenas paramédicos ou,
então, como gerimos este não lhe chamaria conflito de interesses mas pequeno conflito que poderá surgir.