I SÉRIE — NÚMERO 53
8
uma matéria de atualização, que é obrigatória do ponto de vista legal e que se traduz também num esforço de
simplificação administrativa.
Quais são os pontos em concreto que merecem ainda atenção e discussão? São essencialmente dois — e
espero que não se enervem outra vez mas vou citar o Sr. Deputado António Filipe — e têm a ver com tempo
durante o qual se guardam os registos das contraordenações e o tempo global, o prazo de 10 anos, em
relação à guarda destes dados. De resto, estas são matérias levantadas, logo à partida, pela Comissão
Nacional de Proteção de Dados. Estes são os dois pontos essenciais.
Disse-nos o Sr. Secretário de Estado, e muito bem, que já larga parte desta matéria foi consensualizada e
que há disponibilidade, inclusivamente, para, na especialidade, podermos trabalhar, analisar e ouvir até, da
parte do Governo, a fundamentação para estes mesmos prazos.
Sendo assim, registo a consensualidade nesta matéria quanto à sua importância, tranquilidade, serenidade
e relevância em relação à segurança privada.
Aplausos do CDS-PP e do PSD.
A Sr.ª Presidente: — Para uma intervenção, tem a palavra a Sr.ª Deputada Cecília Honório.
A Sr.ª Cecília Honório (BE): — Sr.ª Presidente, Sr.ª e Sr. Secretários de Estado: Esta proposta de lei é
uma remodelação do modelo de lei da segurança privada que recentemente debatemos.
No fundo, visa regular a base de dados e os dados pessoais do sistema integrado de gestão da segurança
privada, que será mantido pela Direção Nacional da PSP com vista ao controlo, licenciamento e fiscalização
desta atividade.
Se devemos subscrever a necessidade de regulação de toda a atividade de segurança privada, também é
verdade que esta mesma base de dados tem de ter as características ajustadas aos fins a que se destina e
que estão consagrados na própria proposta de lei.
Neste sentido, se bem que o Sr. Secretário de Estado tenha enunciado a integração de muitas das
chamadas de atenção feitas pela Comissão Nacional da Proteção de Dados, considero que é relevante
sublinhar muitas das que não foram integradas na proposta de lei em discussão, nomeadamente, quando cabe
à Direção Nacional da PSP a responsabilidade deste sistema, é preciso que esta mesma responsabilidade
enuncie os deveres concretos.
Depois, mais uma vez se insiste em que retiraram o dado da naturalidade mas persistem na preservação
da nacionalidade, o que é considerado absolutamente desnecessário, tal como acontece com o número de
identificação fiscal, o que não faz qualquer sentido quando a mesma não visa quaisquer obrigações fiscais. E
o mesmo acontece relativamente ao tratamento automatizado, que também não tem sentido.
Manifestamos ainda preocupações relativamente ao conteúdo do artigo 8.º, quando se assume a
comunicação destes dados entre a PSP e outros sistemas de informação, o que nos parece mais amplo do
que aquilo que era necessário, nomeadamente quando se reporta à própria segurança social.
Finalmente, o prazo de conservação já aqui foi apontado como sendo manifestamente excessivo, sem
fazer qualquer espécie de sentido.
São estas as observações que queremos deixar relativamente a este propósito, sublinhando, Sr. Secretário
de Estado, que se esqueceu de dizer que há, de facto, muitas alterações que é necessário fazer para que nos
possa dizer que a proposta de lei está ajustada àquilo que são as grandes características das bases de dados,
nomeadamente no que se reporta à proporcionalidade, ao equilíbrio e à necessidade.
É tudo isto que está em jogo. São direitos fundamentais e essa matéria preocupa-nos sobremaneira.
Aplausos do BE.
A Sr.ª Presidente: — Tem a palavra o Sr. Secretário de Estado Adjunto do Ministro da Administração
Interna.
O Sr. Secretário de Estado Adjunto do Ministro da Administração Interna: — Sr.ª Presidente, é só para
dizer que, de facto, o Governo vê com muito agrado o consenso que existe em torno desta proposta.