I SÉRIE — NÚMERO 60
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Uma política que aponta a necessidade da renegociação da dívida nos seus prazos, juros e montantes e
que permita um serviço da dívida que não sufoque o País, dando concretização à proposta que o PCP fez no
dia 5 de abril de 2011, cujo apoio tem vindo a crescer e que o Grupo Parlamentar do PCP apresentará nesta
Assembleia.
Uma política que, partindo da necessidade e urgência de garantir a renegociação da dívida, assuma as
seguintes opções fundamentais: a defesa e o aumento da produção nacional; a recuperação, para o Estado,
do sector financeiro e de outras empresas e sectores estratégicos; a valorização efetiva dos salários e das
pensões e o explícito compromisso de reposição dos salários, dos rendimentos e dos direitos roubados,
incluindo as prestações sociais; a opção por uma política orçamental de combate ao despesismo e à despesa
sumptuária, baseada numa componente fiscal de aumento da tributação dos dividendos e lucros do grande
capital e de alívio dos trabalhadores, dos reformados e pensionistas e das micro, pequenas e médias
empresas.
O Sr. João Oliveira (PCP): — Exatamente!
O Sr. Francisco Lopes (PCP): — Uma política de defesa e de recuperação dos serviços públicos, em
particular no que concerne às funções sociais do Estado na promoção da saúde, da educação e da segurança
social; a assunção de uma política soberana e de afirmação do primado dos interesses nacionais.
São estes os eixos essenciais da política de que o País precisa, que se expressam em necessidades e
medidas concretas.
Por isso, o PCP vai avançar com propostas sobre o Fundo de Garantia Salarial e de reforço do subsídio de
desemprego e do subsídio social de desemprego para responder a centenas de milhares de desempregados
que não têm apoio social.
Vozes do PCP: — Muito bem!
O Sr. Francisco Lopes (PCP): — O PCP vai avançar com propostas para a reposição do horário de
trabalho da Administração Pública e a redução progressiva do horário de trabalho para as 35 horas semanais
para todos os trabalhadores, tendo em conta o desenvolvimento científico e tecnológico e como contributo
para a redução do desemprego estrutural.
Vozes do PCP: — Muito bem!
O Sr. Francisco Lopes (PCP): — O PCP vai avançar com propostas de combate à precariedade para que
a um posto de trabalho permanente corresponda um contrato de trabalho efetivo.
O PCP vai avançar com um conjunto de propostas de proteção da maternidade e da paternidade e de
incentivo à natalidade, envolvendo, designadamente, o abono de família e o apoio no plano das creches e do
pré-escolar.
O PCP vai avançar, no quadro do apoio aos reformados e pensionistas e da valorização das pensões, com
propostas de reforço do complemento solidário para idosos.
O PCP vai avançar com propostas para anular os aumentos dos preços dos transportes, para controlar os
preços dos combustíveis e para alargar o acesso à tarifa social da eletricidade e do gás.
O PCP irá prosseguir a intervenção contra a corrupção e as injustiças fiscais, designadamente para que se
concretize a auditoria do Tribunal de Contas aos benefícios fiscais centrada nas SGPS (sociedades gestoras
de participações sociais).
Srs. Deputados, o Governo desdobra-se em propaganda enganosa, procurando, com este ou aquele
elemento estatístico, com esta ou aquela ação demagógica, esconder o desastre para onde conduziu, e está a
conduzir, o País. Nada disso altera a realidade nacional, a situação dos trabalhadores e do povo, o profundo
descontentamento existente, o desejo de penalizar os responsáveis políticos por este rumo de retrocesso e a
vontade de concretizar a necessária e inapelável derrota do Governo.