29 DE MARÇO DE 2014
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O que gostaria que nos dissesse tem a ver com o seguinte: Sr. Vice-Primeiro-Ministro, o seu relógio indica-
nos que o protetorado está a chegar ao fim. Ainda por cima, com o otimismo que hoje aqui nos trouxe, significa
certamente que, depois de 17 de maio, o Governo vai começar a repor tudo aquilo que foi retirado aos
portugueses, nomeadamente, salários, reformas, pensões, subsídios, direitos, prestações sociais, empregos e
tudo o resto que o Governo levou provisoriamente.
Sr. Vice-Primeiro-Ministro, quando é que vai começar a reposição?
Aplausos do PCP.
A Sr.ª Presidente: — A próxima pergunta é do Bloco de Esquerda.
Tem a palavra a Sr.ª Deputada Mariana Aiveca.
A Sr.ª Mariana Aiveca (BE): — Sr.ª Presidente, Sr. Ministro Paulo Portas, o senhor não respondeu à
pergunta do Bloco de Esquerda. Afinal, houve ou não houve um briefing, houve ou não houve declarações do
Secretário de Estado sobre os cortes?
Mas permita-me, Sr. Ministro Paulo Portas, que utilize algumas expressões do, em tempos, Deputado
Paulo Portas. De facto, o que estamos aqui a assistir é a uma espécie de face oculta do Governo
relativamente aos cortes e à sua natureza, isto é, se são excecionais ou permanentes. E o senhor não falou na
sua intervenção na face exposta do País, mas eu quero falar-lhe dessa face. Quero falar-lhe exatamente
dessa face exposta, que são os mais frágeis dos frágeis — aqueles que o Deputado Paulo Portas tanto
defendia e pelos quais tanto rasgava as vestes, mas sobre os quais hoje nem uma palavra lhe ouvimos —, os
pensionistas.
Por isso, é preciso que nos diga se os cortes vão ou não continuar e se a pobreza nos pensionistas,
naqueles milhares de pensionistas que ganham entre 251 € e 400 €, vai continuar e se vão manter congeladas
essas pensões.
Bem sei, Sr. Vice-Primeiro-Ministro, que vai dizer-me que descongelaram determinadas pensões, algumas
em 2 cêntimos e outras, no máximo, em 9 cêntimos.
Mas, então, queria dizer-lhe, Sr. Vice-Primeiro-Ministro, que, no manual da democracia cristã, quem dá e
tira vai para o inferno. E o que os senhores aqui fizeram foi dar a alguns pensionistas entre 2 e 9 cêntimos
para retirarem a milhares de idosos o complemento solidário para idosos, para retirarem a milhares de pobres
o rendimento social de inserção, para retirarem a milhares de crianças o abono de família, para retirarem a
milhares de idosos dependentes o complemento de dependência. Ora, é isto mesmo que é a face visível deste
Governo.
Sr. Vice-Primeiro-Ministro, em nome da transparência, o senhor não pode sair daqui sem dizer ao País se
os cortes são para ficar e se o pós-troica não é igual à troica, ou pelo contrário. É que, se são para ficar, o pós-
troica é pior do que a troica.
Aplausos do BE.
A Sr.ª Presidente: — A próxima pergunta é do PCP.
Tem a palavra a Sr.ª Deputada Paula Santos.
A Sr.ª Paula Santos (PCP): — Sr.ª Presidente, Sr. Vice-Primeiro-Ministro, o senhor vem falar-nos da saída
limpa do programa da troica e dizer-nos que no próximo dia 18 de maio tudo será diferente no nosso País.
O Sr. Vice-Primeiro-Ministro, autor do guião da reforma do Estado, insiste exatamente no prosseguimento
da mesma política que conduziu os portugueses ao empobrecimento e ao aumento das desigualdades e da
exclusão social.
Então, diga-nos, Sr. Vice-Primeiro-Ministro, como é que compatibiliza a dita «saída limpa» do programa da
troica com as opções contidas no guião da reforma do Estado.
Explique-nos qual é a saída limpa, quando pretende impor mais constrangimentos orçamentais nas funções
sociais do Estado para 2015.