I SÉRIE — NÚMERO 67
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qualquer proposta, não conheço qualquer documento e, não havendo proposta nem documento, é evidente
que o Governo não pode ter feito qualquer avaliação política, muito menos ter tomado qualquer decisão
política.
Aplausos do PSD e do CDS-PP.
Quis o Sr. Deputado mencionar os valores da democracia cristã com a consabida presunção de
superioridade intelectual que os senhores têm,…
O Sr. Pedro Filipe Soares (BE): — Isso deixamos para o Governo!
O Sr. Vice-Primeiro-Ministro: — … mas esqueceu-se que o que está em causa não é saber o que cada
um de nós faz em tempos normais, mas o que é que cada um de nós consegue fazer em tempos excecionais,
quando o País é colocado sob resgate, depende dos seus credores, tem de negociar com eles políticas
públicas em contrapartida de desembolsos e empréstimos de que não podemos ainda prescindir. E nessa
matéria, ainda assim, Sr. Deputado, fica para registo que, sem troica, as pensões mínimas estavam
congeladas; mesmo com troica foram aumentadas. Com troica, e negociado pelo anterior Governo, as
instituições sociais deveriam pagar imposto; com este Governo, não deixámos que pagassem imposto. As
licenças de maternidade ou de paternidade teriam de pagar imposto e não o pagam enquanto este Governo
aqui estiver. Tem aqui três bons exemplos do que é a inspiração social dos partidos da maioria.
Aplausos do PSD e do CDS-PP.
O Sr. Artur Rêgo (CDS-PP): — Ora bem! Mas disso eles não falam!
O Sr. João Oliveira (PCP): — Vocês criaram mais de 500 000 pobres só num ano!
O Sr. Vice-Primeiro-Ministro: — Para não esgotar o tempo, queria apenas dizer ao Sr. Deputado Pedro
Nuno Santos, do Partido Socialista, que a sua intervenção sobre as exportações me pareceu — ironia do
destino! — inspirada no Fundo Monetário Internacional. Nós inspiramo-nos na realidade portuguesa, que é a
realidade do crescimento das exportações: Sr. Deputado, mais 14% em maquinaria pesada, mais 12% no
agroalimentar, que tem uma transformação notável, mais 9% no vestuário ou no calçado, mais 8% nos
produtos químicos! Tudo isto, para si, são coisas antigas, que não têm qualquer inovação. Não é verdade!
Aplausos do CDS-PP e do PSD.
O Sr. Pedro Nuno Santos (PS): — É essa a resposta?!
O Sr. Vice-Primeiro-Ministro: — Mas, já agora, Sr. Deputado, também lhe digo, com toda a franqueza:
julguei que iria revelar-nos que ia dizer ao Vice-Chanceler Sigmar Gabriel, seu colega na Internacional
Socialista, que vamos fazer tremer os banqueiros alemães.
Risos e aplausos do PSD e do CDS-PP.
Sr. Deputado João Oliveira, nós temos uma divergência quanto ao ponto de partida e temos outra quanto
ao ponto de chegada. O Partido Comunista assume agora, claramente, que Portugal deve sair do euro, mas
nós achamos que sair do euro unilateralmente significa que as poupanças, os salários, os rendimentos e as
pensões dos portugueses cairiam a pique, Sr. Deputado!
O Sr. João Oliveira (PCP): — Isso é o que o senhor diz!