I SÉRIE — NÚMERO 67
6
Comecemos pelo balanço do PAEF. Temos, no ponto de partida, uma divergência: o Bloco de Esquerda
acha que Portugal podia ter vivido sem ajuda externa, apesar de, em maio de 2011, Portugal estar à beira da
insolvência.
Os factos dizem o contrário: Portugal tinha, nessa altura, como valores disponíveis, no Tesouro, o
equivalente a poucos meses de pagamento de pensões e salários, obrigações para as quais não tinha
recursos, de dezenas de milhares de milhões de euros. Ninguém queria nossa dívida, que estava a valores
proibitivos.
O anterior Governo foi bater à porta dos credores, porque o País estava em vésperas de uma catástrofe,
primeiro financeira, depois económica, e, finalmente, social, arruinando tudo e todos, destruindo todo e
qualquer traço de coesão social.
Neste ponto, o Bloco de Esquerda parece continuar a achar que um país pode viver sem financiamento, só
não explica essa dúvida prosaica, que é saber como é que se vive o dia a dia e cada dia sem financiamento.
Vozes do PSD e do CDS-PP: — Muito bem!
O Sr. Vice-Primeiro-Ministro: — Passaram, então, três anos. Onde estávamos e onde estamos? E não
deixa de ser curioso o que o Bloco, por opção, não refere.
Primeiro facto: os juros da dívida pública portuguesa a dois anos, quando este Governo entrou em funções,
estavam a 12,8%; fecharam ontem a 1,27%. Qualquer família percebe a diferença, mas o Bloco parece não
perceber.
Aplausos do PSD e do CDS-PP.
Os juros da dívida pública portuguesa a cinco anos, quando este Governo entrou em funções, estavam a
12,7%; fecharam ontem a 2,91%. Qualquer empresa percebe a diferença, embora o Bloco pareça não a
querer perceber.
Os juros da dívida pública portuguesa a 10 anos, quando este Governo entrou em funções, estavam a
10,9%; fecharam ontem a 4,02%. Qualquer cidadão percebe a recuperação de credibilidade, mas o Bloco trata
isso com irrelevância.
A diferença é esta: recebemos um País sem financiamento e debaixo de resgate. Trabalhamos todos os
dias para recuperar a nossa autonomia e terminar o ciclo de resgaste.
O Sr. Hugo Lopes Soares (PSD): — Muito bem!
O Sr. Vice-Primeiro-Ministro: — Segundo facto: o défice, em 2010, foi de 9,8% e está na origem do
problema; o défice, em 2014, tem o objetivo de 4% e contribui para resolver o problema.
Qualquer Governo debaixo de um resgate internacional teria de fazer este caminho, mas o Bloco de
Esquerda acha que era possível não apenas viver sem financiamento mas também viver com mais défice. Não
era.
Terceiro facto: o crescimento económico está de volta antes de o Programa terminar, e isso não é bom, é
muito bom para Portugal e para os portugueses.
Vozes do PSD e do CDS-PP: — Muito bem!
O Sr. Vice-Primeiro-Ministro: — Há seis meses, quando o Governo previa mais 0,8% de crescimento em
2014, diziam que éramos otimistas; agora, quando todos reveem previsões para 1,2% não falta quem nos
acuse de sermos pessimistas.
O Sr. Pedro Lynce (PSD): — Muito bem!