29 DE MARÇO DE 2014
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O Sr. Carlos Abreu Amorim (PSD): — Sr.ª Presidente, Sr. Vice-Primeiro-Ministro, Srs. Ministros e Sr.
Secretário de Estado, os meus cumprimentos.
Dirigindo-me diretamente ao Bloco de Esquerda, queria, em primeiro lugar, felicitá-lo pelo seu êxito relativo
neste e noutros debates recentes. Felicito-o pelo seu êxito relativo não em relação às políticas do Governo e
da maioria que o suporta, convenhamos, porque nessa vertente o seu fracasso é evidente e sê-lo-á ainda mais
no final deste debate, mas, sim, porque temos de reconhecer que o Bloco de Esquerda tem vindo a modelar e
a exteriorizar a retórica política que tem vindo a ser seguida, um pouco mais tarde, pelos restantes partidos da
oposição, designadamente pelo maior partido da oposição.
O Bloco assume-se, uma vez mais, na Assembleia da República, como fazedor de argumentos que, um
pouco mais tarde, compondo um ar grave e sério, o maior partido da oposição vem recitar mais ou menos
tautologicamente. Por isso, o Bloco merece, desde já, os parabéns do Grupo Parlamentar do PSD por
emprestar exemplos políticos que outros depois vêm seguir.
Contudo, o Bloco devia polvilhar as suas razões com algum rigor factual. Em primeiro lugar, não é verdade
que as medidas de austeridade que nos vimos obrigados a aplicar em Portugal para salvar o País da
bancarrota não tivessem sido aplicadas com rigor social, com critério social e com uma progressividade
acentuada. O relatório do FMI é absolutamente assertivo quanto a este facto.
Os dados comprovam que dos países que tiveram de aplicar medidas de austeridade Portugal foi, sem
dúvida nenhuma, aquele que o fez com mais critério social.
Vozes do PSD: — Muito bem!
O Sr. Carlos Abreu Amorim (PSD): — A grande questão do projeto de resolução que conhecemos agora
é que o Bloco de Esquerda quer um referendo para o tratado orçamental e rejeita os compromissos europeus
e as metas orçamentais que estes compromissos implicam.
O Sr. Pedro Filipe Soares (BE): — Já o queria há muito tempo!
O Sr. Carlos Abreu Amorim (PSD): — Então, sejamos claros: se o BE quer rejeitar o tratado orçamental
também quer sair do euro, como ainda agora disse o Sr. Vice-Primeiro-Ministro. Importa saber, a menos de
dois meses das eleições europeias, se o BE considera, ou não, que estas premissas implicam que Portugal
venha a desistir da integração europeia.
Sejamos claros: os senhores querem, ou não, que Portugal saia da União Europeia? Ou os senhores
querem que Portugal reste numa posição menorizada e secundarizada face ao processo de integração
europeia? É que a consequência daquilo que o Bloco de Esquerda assume, e que é implícito também em
parte do discurso do maior partido da oposição, é esta: ou saímos da União Europeia ou ficamos numa
posição menorizada e secundarizada. Queria que o Bloco de Esquerda respondesse diretamente a esta
questão.
Queria também deixar bem claro que vacilar nos compromissos europeus não deixa alternativa senão
comprometermos definitivamente as expetativas das gerações futuras em relação ao modelo social europeu e
à felicidade e ao desenvolvimento que este implica.
Aplausos do PSD e do CDS-PP.
A Sr.ª Presidente: — Para responder, tem a palavra a Sr.ª Deputada Catarina Martins.
A Sr.ª Catarina Martins (BE): — Sr.ª Presidente, Sr. Deputado Carlos Abreu Amorim, agradeço as
questões que colocou, porque nos permitem clarificar muitas coisas.
Começo por registar que o Governo está contente com o único facto sobre o qual a sua ação não
determina nada, que é a baixa de juros. Sabemos que os juros baixaram hoje também na Grécia, só não
sabemos se foi por ação do Ministro Paulo Portas, mas achamos que talvez não tenha sido.