I SÉRIE — NÚMERO 69
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Penso que o Partido Comunista Português toma uma postura justiceira ao longo do debate, mas depois —
e penso que têm de aceitar essa situação — não admite a apresentação de exemplos que vão exatamente ao
arrepio desse comportamento justiceiro.
Protestos da Deputada de Os Verdes Heloísa Apolónia.
O Sr. João Oliveira (PCP): — Isto é uma defesa da honra, Sr.ª Presidente?!
O Sr. Cristóvão Crespo (PSD): — Não pode caber na intervenção da Sr.ª Deputada estar a catalogar a
intervenção de um outro Deputado, dizendo que é de gozo.
Foram relatadas e descritas situações complicadas em que as pessoas se encontram e isso, sim, é
preocupante. Por isso, não admito que a minha intervenção seja catalogada por parte da Sr.ª Deputada como
de gozo em relação às pessoas, porque de facto não é. É uma situação dramática e entendo que é abusiva da
parte da Sr.ª Deputada a afirmação que fez.
Aplausos do PSD.
A Sr.ª Presidente (Teresa Caeiro): — Para dar explicações, querendo, tem a palavra a Sr.ª Deputada Rita
Rato.
A Sr.ª Rita Rato (PCP): — Sr.ª Presidente, Sr. Deputado Cristóvão Crespo, creio que ficou muito claro que
as justificações do Sr. Deputado demonstram o descabimento desta defesa da honra.
O PCP entendeu ser importante trazer esta matéria. O PSD optou por desvalorizar a vida das pessoas. O
PCP apresentou propostas concretas para resolver os problemas das pessoas.
Se o Sr. Deputado se sente ofendido, olhe, mude de política!
Aplausos do PCP e de Os Verdes.
A Sr.ª Presidente (Teresa Caeiro): — Sr.as
e Srs. Deputados, vamos prosseguir com o quarto e último
ponto da nossa ordem de trabalhos de hoje, que consiste na discussão do projeto de resolução n.º 996/XII
(3.ª) — Disponibilização ao público dos documentos estruturantes sobre desenvolvimento sustentável (Os
Verdes).
Para apresentar o projeto de resolução, tem a palavra a Sr.ª Deputada Heloísa Apolónia.
A Sr.ª Heloísa Apolónia (Os Verdes): — Sr.ª Presidente, Sr.as
e Srs. Deputados, este projeto de resolução
que Os Verdes hoje apresentam explica-se em escassas palavras: visa a disponibilização ao público dos
documentos estruturantes sobre desenvolvimento sustentável que saíram das diversas Conferências das
Nações Unidas sobre Meio Ambiente e Desenvolvimento.
Esta recomendação que propomos parte da constatação de que estes documentos não estão
disponibilizados em língua portuguesa nos sites daquelas entidades que em Portugal deveriam ter como
competência a disponibilização da informação sobre matéria ambiental.
Hoje é muito fácil disponibilizar este tipo de documentos e este tipo de informação. Acontece que um
cidadão que procure em língua portuguesa não a encontra, mas vai encontrá-la disponibilizada numa série de
sites em língua inglesa. Ora, entendo que isto não é digno nem justo.
A Agência Portuguesa do Ambiente (APA), que tem como um dos seus objetivos melhorar o conhecimento
e a informação sobre o ambiente, deve, portanto, ser um dos locais onde estes documentos, como as
convenções sobre biodiversidade e a Agenda 21, saídas da Conferência do Rio de 1992, devem estar.
O conceito de desenvolvimento sustentável é um conceito onde o ambiente ganha uma dimensão de
centralidade, na lógica do desenvolvimento, e visa corresponder às necessidades das gerações presentes
sem pôr em causa a satisfação das necessidades das gerações futuras. Isto significa, portanto, gerar uma
lógica de racionalidade na utilização dos recursos naturais necessária justamente à prossecução desse
desenvolvimento.