4 DE ABRIL DE 2014
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A Sr.ª Mariana Aiveca (BE): — Os senhores querem que, todos os anos, haja o regabofe da contratação
miserável destes profissionais, a custos miseráveis e, depois, vêm argumentar com as dotações orçamentais.
Mas de que dotação sai o pagamento aos precários, Sr.as
e Srs. Deputados? Não sai da mesma dotação?
O que os senhores não querem é regularizar a situação e, portanto, não querem combater a precariedade.
Aplausos do BE.
A Sr.ª Presidente (Teresa Caeiro): — Para uma intervenção, tem a palavra, em nome do PCP, o Sr.
Deputado David Costa.
O Sr. David Costa (PCP): — Sr.ª Presidente, Sr.as
e Srs. Deputados: O Governo PSD/CDS adotou uma
política destrutiva que levou milhares e milhares de trabalhadores para o desemprego, um caminho de
degradação do seu dia-a-dia que arrasou e arrasa a vida dos portugueses.
Com este Governo de Passos Coelho e Paulo Portas, a exploração e a precariedade dos trabalhadores
aumentou de forma dramática.
O Governo PSD/CDS, ao invés de valorizar os salários e os direitos dos trabalhadores, preferiu consumar
uma opção de cortes salariais e precarização dos vínculos laborais.
O Governo da direita preferiu adotar medidas de ocupação de desempregados, em vez de criar empregos,
nomeadamente com os contratos de emprego-inserção, que, no final de dezembro de 2013, abrangiam já mais
de 68 000 trabalhadores.
Colocam desempregados precariamente na função pública ou em instituições privadas, a desempenhar
necessidades permanentes de trabalho, a receber menos do que o salário mínimo nacional durante um ano,
para, depois, serem substituídos por outros, agravando, assim, a exploração destes trabalhadores.
Tudo isto para subsidiar empresas e outras entidades, além de servir como chantagem política sobre as
autarquias e o poder local, que, na proibição criada pelo Governo na contratação de trabalhadores para as
suas necessidades permanentes de trabalho, são forçados a recorrer a este tipo de contratos precários, de
falsa inserção e com a duração de 12 meses.
A tudo isto, acresce o facto de existirem 63 000 contratos a termo na Administração Pública. São milhares
de trabalhadores com uma precariedade legalizada.
Sr.ª Presidente, Sr.as
e Srs. Deputados: O PCP exige que este Governo de direita abra concursos públicos
para integrar nos quadros da Administração Pública central e local todos os trabalhadores com vínculos
precários, incluindo os desempregados que estão com contratos de emprego-inserção (CEI).
Desde o início de 2012, o número de desempregados abrangidos por contratos de emprego-inserção,
estágios e formação profissional mais do que triplicou. Passou de 41 000, em janeiro de 2012, para cerca de
144 000, em dezembro de 2013. É toda uma estratégia que o Governo do PSD/CDS usa para branquear o
nível estatístico do desemprego e generalizar a precariedade.
A criação de condições de trabalho degradantes para dispensar e despedir trabalhadores é levada a cabo
pelo mesmo Governo, que depois recorre a este tipo de prestação de trabalho precário e sem direitos.
O Partido Comunista Português não aceita esta forma de tratar quem trabalha para o seu sustento e da sua
família, e lutará sempre pela dignificação dos trabalhadores e por uma alternativa de rutura com esta política.
Aplausos do PCP.
A Sr.ª Presidente (Teresa Caeiro): — Não havendo mais inscrições, fica concluído este debate.
O Sr. Deputado Cristóvão Crespo tinha pedido a palavra para defesa da sua honra pessoal, nos termos
regimentais, pelo que dispõe de 2 minutos para o fazer.
Faça o favor, Sr. Deputado.
O Sr. Cristóvão Crespo (PSD): — Sr.ª Presidente, não queria deixar passar em claro as afirmações da
Sr.ª Deputada Rita Rato num momento do debate em que, de facto, as situações relatadas eram
suficientemente graves para a Sr.ª Deputada, essa sim, estar a brincar com a situação.