I SÉRIE — NÚMERO 69
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O Sr. Artur Rêgo (CDS-PP): — … ou previu, e tem de explicar, prevendo esta consequência, para que
efeito é que o Partido Comunista Português quer criar esta despesa adicional ao Estado.
Aplausos do CDS-PP e do PSD.
Protestos do PCP.
A Sr.ª Presidente (Teresa Caeiro): — Pedindo que as Sr.as
e os Srs. Deputados se mantenham dentro dos
tempos disponíveis, tem agora a palavra, para uma intervenção, a Sr.ª Deputada Mariana Aiveca.
A Sr.ª Mariana Aiveca (BE): — Sr.ª Presidente, Sr.as
e Srs. Deputados: Creio que é bom não nos
enredarmos em definições sobre o que é a precariedade, até porque, a meu ver, a precariedade só pode ter
uma definição. A precariedade é as pessoas terem um trabalho que deveria ser definitivo e, por um qualquer
expediente, público ou privado,…
O Sr. Jorge Paulo Oliveira (PSD): — Vai ter de votar contra o projeto de lei do PCP!
A Sr.ª Mariana Aiveca (BE): — … estarem a recibo verde, a falso recibo verde.
Aliás, os senhores reconheceram isso, aquando do debate de uma iniciativa legislativa de cidadãos sobre a
matéria. Reconheceram aqui que havia muitos falsos recibos verdes, a começar no Estado — e o CDS, na
altura, até o reconheceu mais do que o PSD, porque a sua avidez de estar com os movimentos que
dinamizaram essa iniciativa era muito de ocasião, até porque se antecipava um período eleitoral. Bem me
lembro, Sr.as
e Srs. Deputados!
O Sr. Artur Rêgo (CDS-PP): — Isso é muito pobrezinho!…
A Sr.ª Mariana Aiveca (BE): — Portanto, a precariedade está mais do que definida e não vale a pena
enredarmo-nos aqui nesta luta de conceitos. O que não está definido é como se combate e quem quer
combatê-la.
Sobre a forma como se combate, é preciso, desde logo, ter uma fatura discriminada, uma espécie de fatura
detalhada, uma espécie de retrato dos serviços públicos, que nem este Governo nem o anterior foram capazes
de fazer, circunstância reconhecida — também me lembro bem! — pelo anterior Secretário de Estado da
Administração Pública, que, qual Calimero, veio a este Plenário dizer que não conseguia ter os dados porque
os serviços não lhos forneciam.
Portanto, os senhores, agora que são Governo, façam o favor de obrigar os serviços a fornecer-vos todos
os dados.
Depois, é preciso combater, de facto, a precariedade. E a lei que acabaram de aprovar e que acabámos de
discutir não combate «à séria» a precariedade, legaliza-a em muitos casos —…
O Sr. Jorge Paulo Oliveira (PSD): — Não é verdade!
A Sr.ª Mariana Aiveca (BE): — … e os senhores bem sabem disso, pois rejeitaram todas as propostas que
queriam ir mais além.
Não basta dizer que a consideração de um contrato de trabalho tem apenas a ver com a subordinação
hierárquica; há uma outra componente muito importante, que é a ocupação de um posto de trabalho
permanente.
E não venham dizer-nos que os enfermeiros que estão precários não fazem falta e têm de ser aferidos ano
a ano, uma vez que eles até são contratados por empresas de trabalho temporário.
E não venham dizer-nos que as pessoas que estão nas escolas não fazem falta e não estão a ocupar
postos de trabalho permanentes.
O Sr. Jorge Paulo Oliveira (PSD): — As necessidades de contratação são aferidas ano a ano!