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I SÉRIE — NÚMERO 74

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… e que, no restante, embora não fosse suficiente para «pôr a tremer as pernas dos banqueiros alemães»,

para utilizar uma expressão do agrado de um camarada seu, acaba por ser coerente com aquilo que o Partido

Socialista tem vindo a dizer.

Perdoe-me o paradoxo, mas V. Ex.ª acabou por ser coerente na incoerência. Coerente porque,

descontando a ironia, os senhores têm vindo, pela voz de algumas reconhecidas figuras do partido, incluindo o

vosso líder, a recusar o perdão de dívida como fio condutor da vossa estratégia política, mas, ao fazê-lo, estão

precisamente em dissonância, aparentemente irresolúvel, com outras figuras de proa, algumas das quais se

sentam precisamente ao lado do Sr. Deputado.

Em suma: V. Ex.ª acabou, efetivamente, por fazer aqui uma intervenção coerente porque, de um lado,

reforça a linha de um certo Partido Socialista oficial às segundas, quartas e sextas-feiras, mas sem ferir

suscetibilidades de quem, na vossa família política, pensa de maneira diferente e não hesita em dizê-lo às

terças, às quintas-feiras e aos sábados,…

Vozes do PSD: — Muito bem!

O Sr. Nuno Reis (PSD): — … com destaque para um jornal semanário que recolhe a entrevista e as

declarações de um camarada seu de há duas semanas.

Mas, Sr. Deputado, o que a sua intervenção deixou por dizer, e esta é uma boa oportunidade para fazê-lo,

é se, em véspera de eleições europeias, V. Ex.ª considera compaginável o discurso que acabou de fazer, na

tribuna, com o discurso que o vosso candidato à Presidência da Comissão Europeia fez, há dias.

Sr. Deputado, a matéria sobre a qual gostaríamos que V. Ex.ª dissertasse nesta sua resposta é se

concorda com a afirmação de Martin Schultz, que cito: «Les eurobonds ne sont pas sur l'agenda.»

Vozes do PSD: — Ora, aí está!…

O Sr. Nuno Reis (PSD): — Sr. Deputado Pedro Jesus Marques, o Sr. Hollande não diria melhor que o

vosso candidato.

Vozes do PSD: — Muito bem!

O Sr. Nuno Reis (PSD): — Os Srs. Deputados do Partido Socialista devem, efetivamente, uma explicação

a esta Câmara e ao País. Os senhores têm vindo a afirmar com «unhas e dentes» (nisso, reconheça-se, num

discurso interno e até externo mais harmonioso) que a mutualização da dívida, as euro-obrigações, é um

ponto essencial da vossa agenda. Afinal, Sr. Deputado Pedro Jesus Marques, em que é que ficamos?

Já agora, o Partido Socialista português ainda se revê na sua família política europeia?

Aplausos do PSD e do CDS-PP.

Vozes do PS: — Oh!…

O Sr. Presidente (Ferro Rodrigues): — Para responder, tem a palavra o Sr. Deputado Pedro Jesus

Marques.

O Sr. Pedro Jesus Marques (PS): — Sr. Presidente, Sr. Deputado Nuno Reis, começando pelo final do

seu pedido de esclarecimentos, retribuo-lhe a gentileza de citar os nossos candidatos, citando-lhe o seu

próprio cabeça de lista, aqui, em Portugal, que não exclui a mutualização das dívidas.

Vozes do PS: — Muito bem! Bem lembrado!

O Sr. Pedro Jesus Marques (PS): — Portanto, como verá, as soluções não são pretas ou brancas, são

muito mais complexas do que isso.