I SÉRIE — NÚMERO 74
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Risos da Deputada do PCP Rita Rato.
Desmintam-no ou, então, assumam que defendem a saída do euro, com estas consequências para os
portugueses.
Quem vai votar nas eleições europeias tem de saber que, com o PCP, teriam a saída do euro, a queda dos
salários, a queda das pensões, a queda das poupanças e o aumento da dívida das famílias.
Aplausos do PS.
O Sr. António Filipe (PCP): — Ui!… Ai que medo!…
O Sr. Presidente (Ferro Rodrigues): — Fui informado que a Sr.ª Deputada Cecília Meireles retirou a sua
inscrição para intervir, pelo que vou dar a palavra à Sr.ª Deputada Mariana Mortágua.
A Sr.ª Mariana Mortágua (BE): — Sr. Presidente, Sr.as
e Srs. Deputados, a «maçadoria» que o Governo
continua — aliás, de forma irresponsável — a ignorar não para de crescer.
Já aqui foi dito: a dívida é a maior de sempre, a dívida em percentagem do PIB é a maior desde que há
memória — 1880 —, diz o FMI.
A dívida cresceu, só entre 2008 e 2013, 100 000 milhões de euros; 50% deste crescimento deve-se a este
Governo; um quarto da dívida pública portuguesa deve-se a este Governo — e estes são factos!
Aliás, dizia também o Conselho das Finanças Públicas — que pode ser acusado de tudo menos de estar a
pactuar com o argumentário da esquerda — que o aumento da dívida se deve ao efeito dos juros, ao efeito
recessivo combinado com o aumento dos juros.
O Sr. Pedro Filipe Soares (BE): — Teodora Cardoso!
A Sr.ª Mariana Mortágua (BE): — Temos de fazer uma pergunta: como se explica que um Governo que é
eleito dizendo que vai cortar a dívida, aumentou a dívida? Como se explica que um Governo que diz que
temos de fazer sacrifícios, que temos de cortar salários, temos de aguentar mais pobreza para pagar a dívida,
tenha aumentado a dívida em mais de 50 000 milhões de euros?
A resposta é simples: em termos de dívida, os sacrifícios não valeram nada! Não valeram a pena!
Os cortes não reduziram a dívida. A dívida é a desculpa de que a direita precisa para impor o seu plano
radical neoliberal para o País, e essa é a verdade.
A dívida é a desculpa e a direita quer que continue a ser a desculpa, precisa dessa desculpa, precisa de
um País amarrado à dívida, porque um País amarrado a uma dívida não pode pensar em alternativas
económicas. Um País amarrado a uma dívida é um País que só tem uma escolha a fazer: é entre austeridade
e austeridade. Esta é a única escolha que se pode fazer num País amarrado a uma dívida.
O Sr. Pedro Filipe Soares (BE): — Muito bem!
A Sr.ª Mariana Mortágua (BE): — Um país amarrado a uma dívida como a portuguesa, de 127% do PIB, é
um país com a democracia amputada, é um país que só é governado para os mercados financeiros, é um país
que não tem legitimidade nem pode fazer escolhas democráticas sobre o seu futuro, escolhas económicas e
sociais.
Este não é o País que nós podemos querer ou defender em democracia.
A necessidade de manter o garrote da dívida é tal, por parte dos partidos da maioria, que o Governo
inventa números para provar que a dívida é sustentável — todas as semanas temos novos números!
Há meses, o Sr. Primeiro-Ministro dizia «1,8% de saldo primário, 2% de PIB e a dívida é sustentável e
ainda pode ser reduzida no futuro». O FMI veio desmenti-lo: não é possível! E há também instituições
financeiras e fundos de investimento a desmenti-lo. Se fizermos as contas, a dívida não vai reduzir-se com os
dados apontados pelo Sr. Primeiro-Ministro e o FMI já o disse — três vezes mais austeridade!