I SÉRIE — NÚMERO 78
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No aprofundamento da integração europeia, nessa tarefa complexa e constante, somos e queremos ser
parte das soluções e não parte dos problemas.
A Europa é um projeto de paz, de segurança, de liberdade, mas também de progresso social e económico.
Creio, aliás, que não prestamos um bom serviço à democracia e ao País quando desdenhamos da
solidariedade europeia. Ela materializa-se de várias formas, normalmente numa atmosfera de negociação e
tensão, mas está lá e, como europeus, os portugueses não devem ter vergonha de assumir: quando
precisámos, a Europa respondeu-nos e acudiu-nos. Aliás, assim como nós, também no seio da Europa,
respondemos e acudimos a pedidos de outros países.
Mas a frente europeia não é a única em que estamos. Como autores de outros processos de globalização,
os portugueses têm especial vocação para se movimentarem na economia global. Exemplo disso são as
nossas indústrias exportadoras, que, em tempos de recessão, não pararam de atingir e conquistar novos
mercados.
Alicerçados numa nova fase da diplomacia económica, na potencialidade do espaço lusófono e na
cooperação amiga e fraterna que mantemos com os povos que falam português e no patriotismo das nossas
comunidades espalhadas pelo mundo, nessa rede de «novas feitorias», conseguimos não só projetar e manter
a nossa cultura como agarrar esse espaço como uma oportunidade.
Srs. Presidentes e Srs. Deputados: Este Portugal renovado não é uma proclamação, é o futuro! É a nossa
identidade! Renovar Portugal é realizar Abril.
Aplausos do PSD.
Quero afirmar, com toda a clareza, que essa tarefa não é exclusiva desta maioria, nem tão-pouco é tarefa
exclusiva dos partidos políticos ou do sistema político, é tarefa da nossa sociedade, dos parceiros sociais, das
instituições, das pessoas, dos jornalistas, dos professores, dos empresários, dos trabalhadores. É uma tarefa
de todos e de cada um! Na sua atividade profissional, na sua família, no seu espaço de participação cívica,
cada português constrói o nosso futuro coletivo.
A nós, políticos e representantes da vontade popular, cabe-nos tomar opções, apresentar alternativas,
discutir ideias e projetos e estabelecer compromissos.
Numa democracia madura não há «divergências insanáveis» quando dois portugueses ou dois partidos
debatem o futuro do País. Nas questões essenciais, desde logo no funcionamento do sistema político, na
reforma do Estado ou na salvaguarda do Estado social, estabelecer compromissos, ainda que partindo de
posições diferentes, não enfraquece a ação política, responde à vontade popular.
Aplausos do PSD.
Aliás, essa convergência na diversidade começa — deve começar! — mesmo dentro dos partidos políticos,
sem dogmas, com espírito democrático e com abertura à sociedade.
Não tenho a pretensão de promover qualquer ingerência no funcionamento de partidos que não o meu,
mas numa democracia de partidos, em que a organização do poder político é protagonizada maioritariamente
por via deles, sou dos que pensa que não serão só as regras eleitorais ou mesmo as regras constitucionais
que reformarão o sistema político e aproximarão os cidadãos da política.
Vozes do PSD: — Muito bem!
O Sr. Luís Montenegro (PSD): — Os partidos, que são, eles próprios, criados, formados e financiados
pelos cidadãos, têm a obrigação de estar mais próximos, mais abertos e mais acessíveis às pessoas. E a
sociedade, ao invés de estigmatizar os seus partidos, deve também olhá-los como um espaço onde se vive e
se concretiza a democracia e deve promover a participação na vida partidária.
A dignificação da vida política, temos de o assumir, compete-nos a todos, independentemente de sermos
poder ou oposição.
Quando, no PSD, ligámos a evocação dos 40 anos de Abril às comemorações dos nossos 40 anos
existência quisemos dar esse sinal.