26 DE ABRIL DE 2014
9
Consciência que a liberdade vale, consciência dos direitos do ser humano ancorados no coração de quem
viveu e participou no ato e no processo da Revolução.
Dir-nos-ão que mais de metade da população não tinha nascido ou era criança quando aconteceu Abril,
mas na consciência das novas gerações, quando hoje lutam pelo direito ao trabalho com direitos, contra as
injustiças, a precariedade e o desemprego, quando lutam contra as propinas ou os cortes das bolsas, em
defesa da escola pública, quando vêm à rua gritar a sua indignação contra a troicae a submissão ao
estrangeiro, quando entendem a liberdade como algo tão natural e insubstituível como o ar que respiram,
então, mesmo que eles não lhe deem esse nome, na sua consciência fermentam e alicerçam-se os valores de
Abril, que hão de projetar-se no futuro de Portugal.
Uma política e um Governo que estão a dar cabo do presente da juventude e a querer roubar-lhe a alegria
de viver é que estão condenados à derrota e a não ter futuro.
Para o PCP, partido da resistência e da luta antifascista, partido de Abril, se há coisa que aprendemos é
que, mesmo quando tudo parece ameaçado ou perdido, é pela luta, pela força do nosso ideal, com uma
política de verdade, pela confiança no povo português, com a convergência dos democratas e patriotas, que
temos a convicção inabalável que nada está perdido para todo o sempre, que é possível uma vida melhor num
Portugal de progresso, livre e democrático, com uma política patriótica e de esquerda, uma democracia
avançada inseparável dos valores que emanam desse acontecimento extraordinário que foi a Revolução de
Abril, que hoje celebramos.
Lutaremos por isso, com aquela esperança que não fica à espera, com aquela confiança que Ary dos
Santos, poeta de Abril, expressou no seu poema que «quando o povo acorda é sempre cedo».
E se Abril e os seus valores continuam a ser e a ter mais projeto que memória, então, valeu e vale a pena.
Aplausos do PCP, do BE e de Os Verdes.
A Sr.ª Presidente da Assembleia da República: — A próxima intervenção é do CDS-PP, pelo Sr.
Deputado Filipe Lobo d’Ávila.
Tem a palavra, Sr. Deputado.
O Sr. Filipe Lobo d’Ávila (CDS-PP): — Sr. Presidente da República, Sr.ª Presidente da Assembleia da
República, Sr. Primeiro-Ministro, Srs. Presidentes do Supremo Tribunal da Justiça, do Tribunal Constitucional
e demais Tribunais Superiores, Sr.ª Procuradora-Geral da República, Altas Autoridades Civis e Militares, Srs.
Membros do Governo, Srs. Representantes do Corpo Diplomático, Sr.as
e Srs. Convidados, Sr.as
e Srs.
Deputados: Comemorar 40 anos de 25 de Abril é comemorar 40 anos de democracia. É comemorar 40 anos
de liberdade. É sublinhar a coragem de quem se opôs, é lembrar que só há revoluções quando não há
reformas, é recordar que o espírito do 25 de Abril – a liberdade de todos e para todos – foi confirmado pelo 25
de Novembro. Por isso, vivemos em democracia pluralista.
No CDS, esta sempre foi a leitura que fizemos do 25 de Abril, uma leitura abrangente, sem complexos ou
dogmas de qualquer natureza.
O 25 de Abril tem autores que devem ser reconhecidos, mas o 25 de Abril não tem proprietários exclusivos
ou especiais, o povo português é o seu único dono.
Nesta cerimónia, está presente a memória dos militares que tornaram o 25 de Abril possível, sem
derramamento de sangue, dado o esgotamento do regime e a ausência de uma transição. Mas lembramos
também que ao 25 de Abril se sucedeu um processo revolucionário que pretendia sobrepor a legitimidade
armada à legitimidade do voto.
Saudamos, por isso, o papel determinante dos civis e dos militares que, com igual coragem e sentido de
compromisso, fizeram prevalecer o Estado de direito democrático.
Aplausos do CDS-PP e do PSD.
Comemoramos os 40 anos do 25 de Abril sabendo que o 25 de Abril não é exclusivo de ninguém, nem à
esquerda nem à direita; comemoramos os 40 anos do 25 de Abril sabendo que o 25 de Abril não deve ser
instrumentalizado pois não tem tutores nem permite exclusões.