O texto apresentado é obtido de forma automática, não levando em conta elementos gráficos e podendo conter erros. Se encontrar algum erro, por favor informe os serviços através da página de contactos.
Não foi possivel carregar a página pretendida. Reportar Erro

I SÉRIE — NÚMERO 80

30

A Sr.ª Ministra veio aqui ler-nos a relação dos tribunais que o Partido Socialista queria fechar, mas o

Governo, pelos vistos, vai fechar os 47, para não fechar os 49 do Partido Socialista. Porém, o que interessa

não é falar daqueles que o Partido Socialista queria fechar, o que interessa é referir quais são os tribunais que

este Governo vai encerrar.

Se a Sr.ª Ministra enumerou os que o Partido Socialista queria encerrar, eu enumero os que estão em

discussão hoje, que são os tribunais que o Governo pretende encerrar: Boticas, Mursa, Sabrosa, Mesão Frio,

Resende, Paredes de Coura, Armamar, Tabuaço, Carrazeda de Ansiães, Meda, Sever do Voga, Fornos de

Algodres, Penela, Ferreira do Zêzere, Mação, Castelo de Vide, Bombarral, Cadaval, Portel, Sines, Monchique,

Mértola, Alcácer do Sal, Arraiolos, Avis, Golegã, Alcanena, Nisa, Alvaiázere, Ansião, Soure, Pampilhosa da

Serra, Penamacor, Sabugal, Mira, Vouzela, Oliveira de Frades, Castro Daire, S. João da Pesqueira, Alfândega

da Fé, Miranda do Douro, Vimioso, Vinhais, Mondim de Basto, Povoação, Nordeste e S. Vicente. Isto é

complicado! Consome-me quase o tempo todo! Ainda bem que só foram 47 e não foram os 49!

De facto, face à situação da justiça em Portugal, que é marcada sobretudo pela sua morosidade e onde

inundam as pendências processuais, exigia-se que o Governo assumisse como função — que, de resto, é sua

— trabalhar no sentido de construir um sistema de justiça mais célere, mais eficiente e, sobretudo, mais

acessível aos cidadãos, mas o Governo faz exatamente o contrário. Primeiro, aumenta as custas judiciais para

que os cidadãos não recorram aos tribunais, negando, dessa forma, o acesso ao direito à justiça, que é a

obrigação do Estado garantir, e agora encerra dezenas de tribunais, afastando ainda mais a justiça dos

cidadãos.

Na verdade, o Governo veio impor um conjunto de critérios injustos com vista à redução de tribunais em

muitas localidades sem ter sequer em conta o meio onde se insere cada um dos tribunais, as características

socioeconómicas e até as acessibilidades e mobilidade das populações. O resultado será, naturalmente, o

agravamento das condições de acesso dos portugueses à justiça, sobretudo daqueles que vivem com mais

dificuldades económicas.

Bem podíamos dizer o mesmo que o Sr. Ministro da Saúde disse, que encerra serviços de saúde para

melhorar o acesso dos portugueses aos cuidados de saúde. Assim, sugeria ao Governo que, em cada tribunal

que encerrasse — é só fazer mais 47 placas! —, colocasse uma placa à porta a dizer que o Governo encerrou

o tribunal para melhorar o acesso dos portugueses à justiça. Não ficava nada mal!

Portanto, o Governo encerra tribunais e, ao fazê-lo, vai transferir o volume processual para outros tribunais

que já hoje estão completamente atulhados em processos. Em muitos casos, o Governo nem sequer respeitou

os critérios que ele próprio definiu, e estamos a referir-nos, por exemplo, ao critério do volume processual

inferior a 250 processos ou ao critério do tribunal que passa a receber os processos distar do tribunal de

origem de um tempo inferior a uma hora. O Governo nem sequer respeitou os critérios que ele próprio definiu.

Portanto, com esta decisão, o Governo afasta ainda mais os cidadãos da justiça, sobretudo nas regiões

com mobilidade mais dificultada, e torna a justiça mais cara, porque agora também é preciso acrescentar os

custos da deslocação.

Para terminar, queria apenas saudar, em nome do Partido Ecologista «Os Verdes», todos os autarcas que

pelo País fora se insurgiram contra esta decisão do Governo de encerrar dezenas e dezenas de tribunais e

uma palavra em especial para os autarcas que hoje estão aqui connosco a acompanhar os trabalhos.

Acompanhamos, assim, as apreciações parlamentares, tanto a do Partido Socialista como a do Partido

Comunista Português, e vamos apresentar uma iniciativa legislativa no sentido de fazer cessar os efeitos deste

diploma, que vem condicionar o acesso dos portugueses à justiça.

Aplausos do Deputado do PCP Bruno Dias.

O Sr. José Junqueiro (PS): — Sr. Presidente, dá-me licença que use da palavra?

O Sr. Presidente (Guilherme Silva): — Sr. Deputado, tem a palavra.

O Sr. José Junqueiro (PS): — Sr. Presidente, é para uma interpelação à Mesa.