3 DE MAIO DE 2014
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O Sr. João Oliveira (PCP): — São 50 000 milhões de dívida a mais pelas vossas mãos!
A Sr.ª Cecília Meireles (CDS-PP): — Mas os senhores acham que vão aumentar o défice? E quem é que
vos vai emprestar dinheiro?
Por mais que venham falar em ideologia e de que o défice é uma ameaça, ele não é uma ameaça,
corresponde a uma realidade muito simples que por mais que algum de nós fale não consegue alterar.
O Sr. João Oliveira (PCP): — 50 000 milhões de dívida!
A Sr.ª Cecília Meireles (CDS-PP): — Se, ao fim do dia, a despesa do Estado for maior do que a sua
receita, alguém tem de nos emprestar dinheiro.
Aplausos do CDS-PP e do PSD.
Se os senhores defendem cada vez mais despesa sem aumento de receita, os senhores estão a defender
os mercados, estão a defender o interesse dos nossos credores e estão a defender o interesse de quem
recebe juros. Essa é que é a verdade, por mais que digam o contrário.
Em segundo lugar, e porque é obviamente legítimo discordar do tratado orçamental, nalguns casos,
sobretudo no caso do PCP, diria mesmo que é coerente e reconheço essa coerência. Mas, Srs. Deputados,
vão até ao fim e tenham a coerência absoluta de dizer aquilo que realmente defendem. É que a consequência
lógica da recusa deste tratado é a saída do euro.
Vozes do PCP: — Oh!
A Sr.ª Cecília Meireles (CDS-PP): — E não há como dar a volta a isso.
O Sr. Nuno Magalhães (CDS-PP): — Toda a gente sabe que isso é o que o PCP quer!
Protestos do PCP.
A Sr.ª Cecília Meireles (CDS-PP): — Os Srs. Deputados podem dizer aqui, como já disseram a propósito
da reestruturação da dívida, «não, não é nada disso», porque percebem que as pessoas não querem isso,
mas não é possível ter política monetária comum sem instrumentos básicos e este é um instrumento básico.
Portanto, Srs. Deputados, tenham coragem de assumir aquilo que realmente pensam: é sair do euro?
Expliquem como.
Aplausos do CDS-PP e do PSD.
O Sr. Presidente (Guilherme Silva): — Para uma intervenção, tem a palavra o Sr. Deputado Eduardo
Cabrita.
O Sr. Eduardo Cabrita (PS): — Sr. Presidente, Sr.as
e Srs. Deputados: O Partido Socialista é,
consistentemente, o partido da construção europeia e tem da crise europeia uma leitura solidária, antes de
mais com os portugueses. Não estamos com aqueles, como a direita, que, por razões políticas, agravaram a
crise nacional, recusando a dimensão europeia, global e especulativa da crise.
Aplausos do PS.
O Partido Socialista entende que a Europa, governada à direita, reagiu tarde e reagiu mal, e que só a partir
do momento em que a coordenação económica e a intervenção do Banco Central Europeu permitiram uma