I SÉRIE — NÚMERO 80
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evolução descendente foi possível infletir a evolução da desgraça europeia. E, por isso, o que queremos é
mais coordenação, mais transparência democrática, mais solidariedade europeia e uma estratégia que permita
o crescimento económico e não, como a direita fez, mais 52 000 milhões de dívida pública desde que está no
Governo.
É por isso que, consistentemente, votámos aqui a favor do tratado orçamental e da sétima alteração à Lei
de Enquadramento, que transpôs para a ordem interna o tratado orçamental. Aí introduzimos, por proposta
nossa, tudo aquilo que garante a flexibilidade económica, a adequação ao ciclo, o combate à recessão, ao
contrário da lógica conservadora do PCP, que está com uma campanha que nos aponta para a tragédia dos
trabalhadores, dos pensionistas, das empresas, numa lógica que nos levaria à saída do euro.
Aplausos do PS.
A direita prova aqui, com esta proposta, que o PS também tinha toda a razão ao defender que a
transposição correta era na Lei de Enquadramento Orçamental e não na Constituição. Pela vossa forma de
intervir, estaríamos aqui hoje a fazer, absurdamente, mais uma revisão constitucional. É isso que não
queríamos e provamos também aqui que temos razão.
É por isso, Srs. Deputados do PSD e do CDS, que não deixaremos de acompanhar esta proposta, mas não
deixamos de registar as bolandas em que ela andou: foi levada ao Tribunal de Contas para parecer como uma
iniciativa do Governo e aparece agora aqui travestida de iniciativa autónoma dos grupos parlamentares.
Srs. Deputados, e onde é que está a reforma profunda da Lei de Enquadramento? Continuamos à espera.
Está prometida há mais de um ano.
Aplausos do PS.
O Sr. Presidente (Guilherme Silva): — Para uma intervenção, tem a palavra o Sr. Deputado Duarte
Pacheco.
O Sr. Duarte Pacheco (PSD): — Sr. Presidente, Sr.as
e Srs. Deputados, gostaria de fazer dois
comentários.
Em primeiro lugar, assistimos a um grupo de intervenções que representam a irresponsabilidade e a ilusão.
É a lógica do «gastar, gastar, gastar, que alguém há de pagar».
O Sr. Bruno Dias (PCP): — Essa já não pega!
O Sr. Duarte Pacheco (PSD): — Ora bem, podem continuar, mas, Srs. Deputados, aquilo que sabemos é
que os portugueses, mesmo aqueles que podem não concordar com algumas das opções, têm uma
consciência: é que não se pode gastar o que não se tem. E, por isso mesmo, os senhores podem ter esse
discurso mas ele nunca terá o apoio dos portugueses.
Em segundo lugar, em relação à intervenção do Sr. Deputado Eduardo Cabrita, não sei se essa é a lógica
do Hollande, ou seja, falar de uma coisa mas depois fazer outra diferente.
O que nós sabemos, Sr. Deputado, é que os senhores podem querer aqui dizer muito e querer mostrar
grandes divergências, mas o que é relevante é o momento da votação. E, no momento da votação, os
senhores vão estar connosco, mais uma vez, a mostrar ao País e ao mundo que estamos comprometidos com
a rota de credibilidade de que o País precisa.
Aplausos do PSD e do CDS-PP.
O Sr. Presidente (Guilherme Silva): — Para uma intervenção, tem a palavra o Sr. Deputado Paulo Sá.
O Sr. Paulo Sá (PCP): — Sr. Presidente, Sr.as
e Srs. Deputados, estamos hoje, aqui, perante duas opções
muito claras: ou eliminar da legislação nacional as normas do tratado orçamental, libertando Portugal de um