I SÉRIE — NÚMERO 84
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Ao invés, é cada vez mais claro que não é seguro votar socialista nestas eleições, até porque é impossível
saber o que isso seja e no que isso dará. O PS português está completamente isolado no panorama europeu,
não só em Portugal, mas em toda a Europa. Esta nova moda do PS, de nada prometer para nada incumprir,
não é prudência, é desorientação! É porque não sabe para onde vai, nem para onde nos quereria conduzir.
Aplausos do CDS-PP e do PSD.
Não é só o contraste flagrante com o atual presidente do Eurogrupo, o austero socialista holandês Jeroen
Dijsselbloem. Nem é já apenas a diferença entre Hollande aprés e Hollande avant. É a convocação recente do
pronto-socorro Manuel Valls para liderar o Governo socialista francês, determinando um programa de
austeridade de emergência de 50 000 milhões de euros, para corrigir e inverter a derrapagem financeira e
orçamental para que a França evoluía. E é também a sintomática circunstância de o candidato socialista à
presidência da Comissão Europeia ser Martin Schulz, cujo partido, na Alemanha, acabou de fazer um acordo
de coligação com a tão diabolizada Sr.ª Merkel.
Por isso, o voto seguro é voto Juncker, que representa as ideias certas, seguidas também pelos mais
relevantes dos atores socialistas europeus: o caminho da responsabilidade, o caminho da reconstrução, o
caminho da solidez e da sustentabilidade.
O nosso voto, dos portugueses, tem de ser particularmente cuidado e criterioso. Estamos a suportar ainda
sacrifícios intensos por causa do desvario financeiro do passado — erros nossos e também europeus. O
fundamental da correção imprescindível está feito e começamos a experimentar os primeiros sinais de
recuperação. Há sinais animadores neste caminho e outros melhores já no horizonte, mas nada está
garantido, nada é seguro e este é, para mais, um barco comum: o da União Europeia e, em particular, mais
exigente, o da zona euro — quando um abana, enjoam todos, e podem afundar, sobretudo os mais fracos e
mais expostos.
Estamos a sair da troica, vamos ficar no quadro da «doica»: a Comissão Europeia e o BCE, o quadro geral
europeu. Não podemos voltar às fantasias da irresponsabilidade financeira, nem voltar a cavar a espiral do
défice e a armadilha do endividamento. Se os socialistas franceses não conseguirem consertar as suas
finanças, isso põe-nos, a nós, em perigo, depois de tanto esforço e sacrifício que fizemos. E, se fôssemos nós
a seguir vozes irresponsáveis, voltando a cacarejar o coro da moeda fácil e da falsa liquidez sem custo,
seríamos nós a pôr de novo em risco todos os outros, e a nós mesmos outra vez.
O Sr. Telmo Correia (CDS-PP): — Muito bem!
O Sr. José Ribeiro e Castro (CDS-PP): — Faríamos sofrer precisamente os mais fracos e os mais
vulneráveis: as regiões mais carecidas, as nações mais débeis, os cidadãos mais pobres. Comprometeríamos
a coesão, abalaríamos a ideia europeia, destruiríamos o Estado social, em vez de o refazer em moldes
sustentáveis, poderíamos mesmo matar o sonho europeu. Não! Não! Estes tempos não estão para
brincadeiras nem para aventuras, estes tempos são muito sérios, estes tempos são muito exigentes.
Sr.as
e Srs. Deputados, as eleições europeias convocam-nos: a Europa precisa de nós. Não podemos virar
a cara, nem atrasar-nos: dia 26 de maio já será tarde. A hora é agora! É tempo de convocar, é tempo de
explicar, é tempo de mobilizar.
Aplausos do CDS-PP e do PSD.
O Sr. João Oliveira (PCP): — Mesmo assim, não conseguiu convencer todos os Deputados da maioria!
O Sr. Filipe Lobo d’Ávila (CDS-PP): — Mas quase conseguiu convencer alguns da esquerda!
A Sr.ª Presidente: — Sr. Deputado José Ribeiro e Castro, a Mesa regista a inscrição dos Srs. Deputados
Pedro Jesus Marques, do PS, Mariana Mortágua, do Bloco de Esquerda, Joana Barata Lopes, do PSD, e
Paulo Sá, do PCP. Não sei em que moldes pretende responder, se em conjunto ou separadamente…