I SÉRIE — NÚMERO 87
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A Sr.ª Presidente: — Para uma declaração política, a última desta tarde, tem a palavra o Sr. Deputado
Alberto Martins.
O Sr. Alberto Martins (PS): — Sr.ª Presidente, Sr.as
e Srs. Deputados: Queria começar por agradecer as
felicitações pela vitória eleitoral do Partido Socialista. Aproveito para felicitar também todos os candidatos
eleitos de todos os partidos, vincando a eleição e expressando essas felicitações na pessoa de Francisco de
Assis, que encabeçou a lista mais votada ao Parlamento Europeu.
Aplausos do PS.
Sr.as
e Srs. Deputados, as eleições europeias de 2014 ficam marcadas pela maior derrota de sempre da
direita portuguesa. Os 27,7% de votos obtidos pela coligação PSD/CDS punem justamente o Governo mais
radical da nossa história democrática com o mais baixo resultado de sempre da direita política portuguesa.
O Sr. José Junqueiro (PS): — Exatamente!
O Sr. Alberto Martins (PS): — A hecatombe eleitoral dos partidos do Governo é verdadeiramente
impressionante: partindo com 3 milhões de votos quando constituíram Governo, o PSD e o CDS têm visto ser
reduzida a sua base social de apoio. E mesmo tendo em conta a votação de 2009, o facto de os dois partidos
da maioria terem 900 000 votos significa que perderam mais de meio milhão de votos desde as últimas
eleições europeias.
O Sr. José Junqueiro (PS): — Bem lembrado!
O Sr. Alberto Martins (PS): — Isto resulta, naturalmente, das consequências trágicas de políticas
«austeritárias» e de tudo aquilo que lhes está associado — aumento de pobreza e das desigualdades, com as
consequências trágicas que conhecemos.
Mas as eleições europeias de domingo não produziram apenas resultados e derrotados clamorosos,
tiveram também um vencedor inequívoco. Esse vencedor foi o Partido Socialista, como, aliás, todos
reconhecem, que obteve uma vantagem clara, que não deixa margem para dúvidas, uma vantagem
conseguida num contexto eleitoral muito próprio, que, sabemos, favoreceu uma relativa fragmentação dos
votos por diferentes forças políticas.
A vitória do Partido Socialista nas eleições europeias do passado domingo, que se soma à vitória nas
eleições autárquicas do passado mês de setembro, reforça o papel de alternativa do Partido Socialista aos
olhos dos eleitores portugueses para liderar o processo de mudança necessária — que o é — em Portugal.
O Governo atual está esgotado e só uma vitória de uma nova maioria política que permita uma mudança na
governação do País pode devolver a esperança aos portugueses.
Aplausos do PS.
A vitória do Partido Socialista no passado domingo foi mais um passo neste longo caminho.
Sr.as
e Srs. Deputados, as eleições europeias motivam também algumas notas de preocupação, em
primeiro lugar, pela dimensão alcançada pelo fenómeno da abstenção. Muito embora, nestas eleições, a
abstenção, que se cifrou nos 65,3%, não tenha subido excessivamente em comparação com as eleições
europeias de 2009, a regularidade e enraizamento da abstenção continua a ser um preocupante indicador de
distância e de indiferença dos eleitores em relação aos atos eleitorais e, por consequência, em relação à
democracia.
Os dados da abstenção estão longe, porém, de serem os únicos a merecerem preocupação: não são
apenas os que não votaram que devem motivar uma reflexão profunda por parte dos responsáveis políticos,
mas também o sentido de voto expresso por muitos eleitores europeus que participaram no ato eleitoral.
Estas eleições europeias ficarão seguramente para a história como aquelas em que se assistiu a uma
votação muito expressiva, em vários países, em partidos com matrizes programáticas muito distantes e